A questão das supersafras
O
embarque das safras de açúcar e milho, que teve início em maio, está chegando
ao fim, depois de muitos sobressaltos e transtornos não só para a população das
cidades da Baixada Santista como para as demais empresas intervenientes no
processo logístico ligado ao Porto de Santos. Agora, fica a expectativa para
2014, com a esperança de que as dificuldades surgidas neste ano tenham servido
para acumular experiência que possa evitar a repetição dos problemas. Ou ao
menos para minorá-los.
Sabe-se
que o problema dos gargalos no Porto de Santos se dá antes da chegada da carga.
Ou seja, está na insuficiência de silos para a armazenagem das safras nas
regiões produtoras e nas usinas de origem, já que os produtores e traders não se preocupam – nem foram
estimulados pelo governo – em construir infraestrutura de armazenagem em
quantidade suficiente. A alegação é que as linhas de crédito oferecidas pelos
bancos oficiais não são acessíveis.
Como
essa solução parece que começa agora a ser bem encaminhada, espera-se, por
outro lado, que a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) venha a
adotar em 2014 um rígido esquema de gerenciamento que leve em conta a
capacidade de recebimento e estocagem de cargas nos terminais e nos bolsões e
pátios reguladores dos operadores portuários.
Ou
seja, é preciso que funcione com pontualidade um sistema compulsório para a
chegada de caminhões ao Porto, de modo que o veículo não deve sequer se
aproximar da área portuária e, se o fizer, o operador portuário a que se
destina deve sofrer severa punição. Ao mesmo tempo, é preciso que União e
Estado apressem a implantação do Ferroanel, projeto que tem como objetivo a
interligação das principais ferrovias que cortam a região metropolitana de São
Paulo, sem cruzar mais com trens urbanos nem entrar na capital paulista. Quando concluído, o Ferroanel terá capacidade
para movimentar 40 milhões de toneladas, das quais 24 milhões com destino ao
Porto de Santos.
Com
o Ferroanel pronto, não haverá mais sentido em continuar escoando as cargas de
grãos e açúcar por caminhões, modal que encarece o frete, causa desgastantes
jornadas aos motoristas e aumenta o risco de acidentes nas rodovias, além de
provocar congestionamentos.
Por
fim, no que toca ao Porto de Santos, a Codesp precisa rediscutir a questão da
transferência dos armazéns reservados aos granéis da Ponta da Praia para a área
continental, na outra margem, como defendem a Prefeitura santista e o Conselho
de Autoridade Portuária (CAP). O problema é que, de acordo com o novo marco
regulatório, o CAP deixou de ser um órgão executivo para se tornar apenas
consultivo. E a decisão depende agora totalmente de Brasília. Mauro Dias – Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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