Durante o ano de 1985 muitas vozes apregoavam
que a iminente entrada na CEE Comunidade Económica Europeia iria trazer riqueza
aos portugueses que num período de dez anos alcançariam os vencimentos
auferidos pelos povos da europa central. É bom recordar, hoje, dia 01 de
Janeiro de 2013, 27 anos passados da entrada efectiva nesta Comunidade,
excertos do discurso do primeiro-ministro português da altura, em meados de
Junho de 1985, pela ocasião da assinatura do Tratado de Adesão.
“A tarefa primordial que nos ocupará a partir
de agora será a de reduzirmos cada vez mais a distância que ainda nos separa
dos países desenvolvidos da Europa, criando para os Portugueses padrões de vida
e de bem-estar verdadeiramente europeus. Para tanto, não há outro caminho. Precisamos
de persistir na via que temos trilhado nos últimos dois anos, praticar uma
política financeira de rigor e de verdade, lutar pela estabilidade política
como elemento essencial de recuperação económica e de modernização e aprofundar
as instituições democráticas, designadamente mediante a prática da solidariedade
nacional, da concertação social e do diálogo. O povo português, na sua
esmagadora maioria, sabe bem o que a democracia lhe trouxe no plano da cidadania
e da dignidade no trabalho, mas também no das realizações materiais. Sabe que
uma vivência democrática a nível local, regional e nacional representa um bem
de inestimável valor que importa preservar e saber desenvolver em benefício das
populações.”
Agora, os políticos daquela época passaram a
comentadores e afirmam o oposto do que na altura diziam, que os vencimentos dos
portugueses são muito elevados e por isso não somos competitivos, perante
países com salários muito superiores. Mas continuemos a ler as palavras do discurso
de adesão:
“A palavra será agora conferida às jovens
gerações, a quem se abrem exaltantes perspectivas de realização pessoal e de
progresso. Principais beneficiários da integração europeia, os jovens terão
agora de saber mobilizar-se para a grande tarefa nacional do desenvolvimento e
da modernização, por forma a que Portugal venha a ser não só terra de
liberdade, de convivência cívica e de tolerância, mas também um espaço de prosperidade,
de desenvolvimento científico e tecnológico e de justiça social.”
Que dirão hoje os jovens, se lerem estas
palavras ditas quando ainda não tinham nascido? Que pensarão os jovens quando o
actual primeiro-ministro os convida a emigrar, porque na terra que os viu
nascer, não há trabalho para eles, apenas desemprego…. Mas continuemos:
“Gostaria que as minhas palavras fossem
ouvidas pelo povo trabalhador de Portugal, para quem surgem novas perspectivas
e potencialidades de progresso e justiça social. Nas mãos dos agricultores, dos
operários, dos cientistas, dos homens de cultura, dos empresários, dos quadros,
dos intelectuais, dos técnicos, dos artistas e sobretudo dos jovens, de todos
os Portugueses em suma, mulheres e homens, está o futuro de Portugal, para cuja
construção não faltarão a partir de agora os estímulos e as ajudas necessárias.
Não estamos mais isolados. A solidariedade europeia não nos faltará, como hoje
aqui ficou comprovado com a presença de qualificados representantes de todos os
Estados da Comunidade dos Doze.”
As novas perspectivas e potencialidades
foram, o abandono das terras, pois já não era preciso trabalhar na agricultura,
havia excesso de produção nos outros países parceiros comunitários, o abate da
frota pesqueira, já não havia necessidade de pescar, a oferta de pescado pelos outros
membros era elevada, a destruição da indústria, o nosso mercado era pequeno e
com custos elevados, passaríamos a ser um país de serviços, principalmente
virados para o turismo. Entretanto os centros de decisão das principais
empresas rumaram para Barcelona.
A 23 de Outubro de 2000, outro político, na
área financeira, mais tarde promovido a um cargo internacional afirmava, entre
outros dislates, sobre a entrada de Portugal na moeda euro, o seguinte:
“Sem moeda própria não voltaremos a ter
problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe um
problema monetário macroeconómico e não há que tomar medidas restritivas por
causa da balança de pagamentos. Ninguém analisa a dimensão macro da balança
externa do Mississipi ou de qualquer outra região de uma grande união
monetária. Isto não significa que não exista uma restrição externa à economia.
Simplesmente esta é o resultado da mera agregação da capacidade de
endividamento dos vários agentes económicos. O limite depende essencialmente da
capacidade de endividamento dos agentes internos (incluindo os bancos) perante
o sistema financeiro da Zona Euro. Se e quando o endividamento for considerado
excessivo, as despesas terão que ser contidas porque o sistema financeiro
limitará o crédito. O equilíbrio restabelece-se espontaneamente, por um
mecanismo de deflação das despesas, e não têm que se aplicar políticas de
ajustamento. “
Na realidade, os pressupostos para a integração
na União Europeia, já não existem. Na nossa história, as relações com os países
europeus não têm sido amistosas para Portugal, começando no primeiro político
português a passar os Pirinéus, El-Rei D. Afonso V, que precisou da ajuda do
seu filho, o Príncipe João para regressar ao seu país. Está na altura de os
portugueses começarem a pensar pela sua cabeça, qual o futuro que pretendem,
sem serem influenciados por políticos ou comentadores, que comendo do mesmo
tacho, se preocupam mais com eles próprios, do que a família de portugueses
onde estão inseridos. Baía da Lusofonia
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