“Portugal não é um
país pequeno e da periferia se tivermos em conta a extensão da nossa plataforma
continental (PC) e a posição estratégica e de charneira entre três continentes
– Europa, África e América – em que o mar lhe confere centralidade atlântica.
Além disso, sendo o mar um elemento comum dos países da CPLP, poderá conferir
projecção estratégica a Portugal na ligação à Europa e ao Atlântico Sul, bem
como Sudeste Asiático e Oceânia.
O mar e o controlo do
seu uso continuam a assumir uma grande importância, como via de comunicação e
fonte de recursos naturais. O País que possui uma Zona Económica Exclusiva
(ZEE) equivalente a 20 vezes o território terrestre, sendo a 3ª mais extensa da
UE e 11ª área a nível mundial – a sua dimensão corresponde à superfície
terrestre ocupada por Espanha, França, Itália e Alemanha. O espaço marítimo
resultante da fusão da ZEE e da extensão da PC será equivalente à dos países da
UE (ou da Índia). Ou seja, mais de 40 vezes o território nacional, passando 97%
do território a ser de natureza marítima.
Pelo mar são enviadas
mais de 60% das nossas exportações, estamos dependentes em cerca de 70% das
importações, é recebida a totalidade do petróleo e 2/3 do gás natural que o
País consome e pelas águas de jurisdição nacional passam cerca de 53% do
comércio externo da UE.
Importa também
potenciar as vantagens competitivas únicas que os portos e, em especial, o
porto de águas profundas de Sines – tirando partido do factor geoestratégico –
podem proporcionar como porta atlântica da Europa em articulação com a rede de
plataformas logísticas, quando se perspectiva uma enorme revolução nos fluxos
do comércio mundial, provocada pelo novo canal do Panamá. (…)
Em síntese, no
momento em que o País atravessa uma grave crise, cujo modelo de desenvolvimento
se encontra esgotado, falta concretizar a opção, alcançando os objectivos
políticos já sucessivamente definidos. Mas só são possíveis de concretizar
através de uma estratégia nacional, fazendo prevalecer a mais-valia oceânica e o
respectivo potencial em termos de valor e poder, contribuindo para que seja
possível resgatar o futuro de Portugal.” Neto
Simões – Portugal in “Diário de
Notícias”
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