Desde
que Gonçalo Gamboa Ayala, capitão navegador fundou em Ziguinchor, a primeira
feitoria portuguesa em Casamansa no ano de 1645, nenhum dos nossos antepassados
casamanseses suspeitava da longa marcha para a liberdade que estava reservada às
futuras gerações.
A
12 de Maio de 1885, apenas um ano após a Conferência de Berlim que consagra a
partilha de África pelos países europeus, portugueses e franceses chancelam em
Paris a famosa convenção de troca franco-portuguesa. Portugal cede a Casamansa
à França em contrapartida recebe o Rio Cassini (Guiné-Bissau). Todas estas
negociações foram acordadas na época, sem o consentimento da Casamansa. Devo
dizer que o espírito colonial reinava em África.
No
entanto a esperança dos casamanseses estava bem firmada pelos três tratados de
protectorado de estado para estado entre as três entidades da Casamansa e a
França:
- 04 Fevereiro de 1850 em Sédhiou, com o Rei Bodian
Dofa da Média Casamansa (Boudié-Pakao)
- 03 Novembro de 1883 com o Rei Moussa Molo
Baldé da Alta Casamansa (Fouladou)
- 07 Maio de 1893 em Bona, com o Rei Fodé
Kaba Doumbouya da Baixa Casamansa (Fogny)
O
governador Camille Guy que transferiu em Novembro de 1908 a capital da
Casamansa de Sédhiou para Ziguinchor, conferiu-lhe um estatuto especial. O
Administrador superior Noirot propôs então criar uma Casamansa independente.
Repentinamente a libertação invadiu os corações.
O
nascimento do Movimento das Forças Democráticas da Casamansa de Victor Diatta e
do Movimento Autónomo de Casamansa de Assane Seck antes de 1960, deram assim à
Casamansa as estruturas políticas para conduzir o destino do país.
Então,
pode o Senegal apropriar-se por engano da Casamansa? Pergunta-se a uma
população experiente se está consciente do seu passado. Ninguém está enganado!
Se
o fim do calendário Maia não anunciou o fim do mundo em 21 Dezembro de 2012,
mas o início de um renascimento, acreditemos forte, hoje em 2013, será para a
Casamansa a esperança da liberdade, da independência e da paz. Bintou Diallo – Casamansa – Casamance
Nota:
Gonçalo Gamboa e Ayala era filho de Marcos
Ayala e Gamboa e de Maria Madalena Gonçalves e neto de Diogo Ayala e Catarina
Gamboa. Prestou serviço nas armadas da Índia, foi capitão-mor de Cacheu,
nomeado por D. João IV a 16 de Julho de 1641, Governador e Capitão-General das
ilhas de Cabo Verde, nomeado a 12 de Junho de 1649, tomou posse a 29 de Junho
de 1650 governando durante quatro meses, até 09 de Outubro de 1650, data do seu
falecimento em Ribeira Grande. Baía da
Lusofonia
Sem comentários:
Enviar um comentário