“A Guiné Bissau não é
caso único de crise no continente africano. O Mali, o Sudão, a República
Centro-Africana, entre outros, são palcos de conflitos que penalizam
tragicamente os respectivos povos.
Em outros, surgem
sinais de esperança em dias melhores para as respectivas populações, que nos
fazem encarar o futuro com otimismo. Talvez seja mais sensato falar em otimismo
moderado. Em Moçambique e Angola, por exemplo, os governantes começam a dar sinais
de preocupação e empenho na criação de condições para uma real melhoria das
condições de vida das respectivas populações. Já tardava.
Não é aceitável que
nos alvores do século 21, malgrado a pesada herança do colonialismo, milhões de
seres humanos continuem a viver em condições de extrema pobreza, sem acesso aos
mais elementares serviços de saúde pública, educação e saneamento, enquanto
elites perversamente enriquecidas por despojos de guerra e comissões das
corporações multinacionais se banqueteiam em luxos de marajás e de sultões.
Mas, apesar das
persistentes notícias e imagens de pobreza e violência, África não é apenas um
puzzle de tristes exemplos. Em vários países, como Cabo Verde, apesar dos
incontornáveis reflexos da crise internacional, o caminho continua a ser a
constante procura da melhoria das condições de vida para a população de um
arquipélago pobre, mas que tem dado testemunho de seriedade e sensatez na
gestão pública.
A crise que afeta
grande parte do planeta coloca necessariamente em discussão os modelos
econômicos prevalecentes, o sistema capitalista, a injusta concentração de
riquezas, os monopólios do desenvolvimento tecnológico, os baixos investimentos
em educação e saúde públicas nos países mais pobres e mais atrasados. A procura
de novos caminhos para a construção de sociedades de progresso e de bem-estar é
uma tarefa que nunca se completa, que nunca finda. Essa é uma busca incessante
e uma luta que faz parte da natureza humana.” Alfredo Prado – Portugal – Angola - Brasil in “África 21”
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