Foi
a necessidade comum de manter viva a língua materna e de a passar aos filhos,
que levou três amigas portuguesas a abrirem uma biblioteca de livros infantis
escritos em português, na cidade de Roterdão, Holanda
Andreia Costa, Constança
Saraiva, e Patrícia Pinheiro de Sousa concretizaram este objetivo com a
abertura da Biblioteca Roterdão em dezembro do ano passado, com o apoio do Arte
Institute e de cinco editoras e a parceria com as Escolas Portuguesas de Roterdão,
Haia e Amsterdão.
As artistas plásticas
Constança Saraiva e Patrícia Pinheiro de Sousa e a designer Andreia Costa, três
portuguesas que emigraram para a Holanda ao longo da última década, decidiram
em 2016 fazer algo para ajudar a manter viva a sua língua materna em Roterdão,
cidade onde residem. Em causa estava “a necessidade comum de manter viva a
nossa língua materna e de a passar aos nossos filhos”, como referem na
apresentação da página que criaram na rede social ‘Facebook’.
“O objetivo é disponibilizar
livros às crianças de forma a apoiar a sua utilização da língua portuguesa e
fortalecer os laços linguísticos e culturais destas crianças com as suas
origens lusófonas”, explicam, defendendo que “ler histórias a crianças pequenas
é essencial para o aumento de vocabulário, para o desenvolvimento da linguagem
escrita e oral, e até para o desenvolvimento do conhecimento geral”, porque,
acrescentam, “a leitura estimula a imaginação e curiosidade da criança, o seu
desenvolvimento emocional, e o seu auto-conhecimento”.
À agência Lusa, Constança
Saraiva contou que as três amigas emigraram para a Holanda por razões
profissionais “e também por amor”. “Tivemos filhos, que são bilingues, e como
portuguesas queríamos que continuassem a falar também em português. Roterdão
tem uma biblioteca central muito boa, mas não tem quase nada em língua
portuguesa, por isso avançámos com este projeto”, contou.
A Biblioteca Roterdão, que é
ainda pequena, funciona temporariamente no atelier de Andreia Costa, no centro
de Roterdão e contempla mais de 200 livros infanto-juvenis em língua
portuguesa, fruto de doações de cidadãos e das editoras Máquina Voar, Pato
Lógico, Tcharan, Planeta Tangerina e Porto Editora. Conta ainda com o apoio do
Instituto Camões e do Arte Institute e tem parcerias com a Escola Portuguesa de
Roterdão, a Escola Portuguesa de Haia e a Escola Portuguesa de Amsterdão, onde
já organizaram sessões de leitura.
Voluntariado
e boa vontade
O trabalho é feito com a boa
vontade e o voluntariado das três portuguesas a pensar não só na comunidade de
portugueses e descendentes de portugueses em Roterdão, mas também noutras
comunidades que têm em comum a língua, como a brasileira e cabo-verdiana. “Aqui
existe muito a cultura da requisição de livros em bibliotecas e os miúdos
precisam sempre de histórias novas, por isso estamos abertos a doações de
editoras ou de quem nos quiser enviar livros infantis em língua portuguesa”,
afirmou Constança Saraiva.
Além do empréstimo de livros,
a biblioteca tem organizado, com alguma regularidade, sessões de leitura de
livros, envolvendo a comunidade lusófona, mas a ideia é no futuro encontrar um
espaço definitivo e alargar o programa de atividades. “Estamos ainda a ver como
as pessoas estão a aderir. Ter um espaço implica ter tempo, andamos a fazer
pesquisas sobre bibliotecas, a falar com bibliotecários. Este é um espaço da
comunidade e queremos que seja uma plataforma para fazer outras coisas.
Queremos trazer autores, ilustradores, publicar o nosso próprio livro”,
adiantou a artista plástica. Mas em pouco mais de três meses, Constança Saraiva
está satisfeita com a adesão e com o interesse que tem suscitado esta
Biblioteca Roterdão, criada “para todas as comunidades lusófonas residentes em
Roterdão (e arredores), para todos que tenham de alguma forma afinidade com a
língua portuguesa”. In “Mundo Português” - Portugal
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