No passado sábado, dia 1 de
abril, em Goián-Tomiño, na Galiza, Pedro Abrunhosa (Porto) e Ses (Corunha),
ambos cantores e compositores, partilharam o palco no III Encontro
Minho-Galiza, organizado pela Universidade do Minho (UMinho), participando de
uma animada conversa sobre a cultura e identidade que caracterizam a
singularidade da referida região. O papel da língua na afirmação de uma
identidade cultural transfronteiriça, na sua relação com a criação musical, foi
uma das principais questões levantadas.
O debate, Pedro Abrunhosa e
Ses 2017 moderado por Joaquim Fidalgo (UMinho) e Fernando Pena (Braga), foi
intercalado pela atuação musical de Pedro Abrunhosa. Ses, não tendo previsto
atuar, foi surpreendida pelo músico, que a desafiou a acompanhá-lo em algumas frases
melódicas de temas do cantor, assim como a cantar, ela mesma, um dos seus
próprios temas. Foram momentos mágicos que empolgaram o público, constituído
por galegos e minhotos, estes, em boa parte, alunos e docentes da UMinho. Ainda
durante o debate, os artistas confessaram desconhecer a produção musical um do
outro, assim como a do outro lado da fronteira. Por isso, manifestaram a sua
preocupação em que se discutam as razões políticas, sociais e culturais que
poderão explicar uma tal realidade, pautada pela insuficiência de dinâmicas de
promoção do intercâmbio musical entre a Galiza e o Minho. “Sou uma resistente
social” foi uma das expressões que Ses utilizou no decorrer do debate, ao
afirmar a relevância do galego na sua música. Abrunhosa concordou e enfatizou a
importância de o artista fazer uso da sua própria língua, única forma de
expressar a sua visão do mundo e o seu sistema de pensamento próprio.
Destaca-se Encontro Minho
Galiza 2017ainda a realização da mesa redonda que teve lugar durante a manhã,
na qual participaram Henrique Barreto Nunes (Conselho Cultural da UMinho) e
Albertino Gonçalves (UMinho), que moderaram o debate com Ricardo Almeida
(UTAD), José Font (Rádio Municipal de Tui) e José Vicente Simeó (Maestro da
Banda de Monção). O estado atual e a importância da música popular e da música
tradicional para o intercâmbio cultural entre as duas regiões foi o tema
discutido entre os convidados, com a participação ativa do público, na
tentativa de se encontrarem as razões da falta de interação cultural entre
ambas as regiões no âmbito musical. A música, propriamente dita, também marcou
presença, ora através da gaita-de-foles, que abriu e fechou esta mesa redonda,
tocada pelo gaiteiro Ricardo Almeida, ora antecedida, no ato inaugural, pela
atuação da Banda de Música de Goián, anfitriã do III Encontro, dirigida pelo
maestro Pedro Villarroel, ora, ainda, no ato de encerramento, com o acordéon de
Joaquim Fidalgo que brindou a plateia com o seu acordéon, desafiando galegos e
minhotos a distinguir as diferenças entre as músicas, de uma rapsódia de
modinhas do Minho e da Galiza, que tocou.
Terminado o III Encontro
Minho-Galiza, que alguns apelidaram de «inesquecível, com momentos únicos e
irrepetíveis», aos seus mentores e coorganizadores, os alunos de Mestrado
Francisco Abrunhosa e Adriana Silvério, foi dado de imediato o incentivo à
realização da seguinte edição, no próximo ano, por parte dos dois Institutos
apoiantes da UMinho, ali representados por Pedro Dono e Fernando Groba,
responsáveis pelo Centro de Estudos Galegos (CEG), e por Helena Pires e
Albertino Gonçalves, responsáveis pelo Mestrado em Comunicação Arte e
Cultura/Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade (MCAC-CECS), numa feliz
conjugação de vontades entre o Instituto de Letras e Ciências Humanas
(CEG-ILCH) e o Instituto de Ciências Sociais (MCAC/CECS-ICS) da UMinho. Francisco Abrunhosa – Portugal in “Palavra
Comum”
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