Ontem, dia 27 de Março de
2014, na sede da Comunidade de Países de língua Portuguesa (CPLP), a Literarte,
Associação Internacional de Escritores e Artistas, com sede em Cabo Frio, Rio
de Janeiro, Brasil, fundada a 10 de Julho de 2010, apresentou o Núcleo
Académico de Letras e Artes de Lisboa, que será a sua delegação na capital
portuguesa.
O Núcleo Académico de Letras
e Artes de Lisboa pretende homenagear académicos, escritores e artistas das
mais diversas áreas, agregando-os ao Núcleo e convidou mais de cem
personalidades ligadas à cultura lusófona para tomarem posse como Membros de
Honra, Académicos Correspondentes e Académicos Correspondentes Estrangeiros.
A Mesa foi presidida pelo
jovem escritor Samuel Pimenta, de Portugal, Presidente do Núcleo Académico de
Letras e Artes de Lisboa, acompanhado do Vice-Presidente Delmar Maia Gonçalves,
presidente da Direcção do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora
(CEMD), de Moçambique, de Izabelle Valladares, do Brasil, presidente da
Literarte, Diva Pavesi, presidente da Divine Académie Française des Arts
Lettres et Culture, natural do Brasil e Dinorá Couto
Cançado, escritora, pedagoga, especializada em inclusão, também do Brasil.
Entre as figuras lusófonas
que tomaram posse, a grande maioria dos convidados estiveram presentes,
destacamos Pilar Del Rio e Maria João Gama de Portugal, Amilca Ismael, Ribeiro
Canotilho e Roberto Chichorro de Moçambique, David Levy Lima de Cabo Verde,
Maria Dovigo da Galiza, Marcelo Csettkey e Giselle Wolkoff do Brasil.
O registo do discurso de
Samuel Pimenta presidente do Núcleo:
Aturujo
à Cultura
Texto do discurso de abertura da Cerimónia de Tomada
de Posse dos Membros de Honra,
Académicos Correspondentes e Académicos Estrangeiros
do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa
No fim-de-semana passado,
estive num encontro poético na Galiza, “Aturujo à Terra”, chamava-se. Aturujo é
o grito, um urro de alegria, quase xamânico. É a vida a manifestar-se. Percebi
que o aturujo está impregnado no ser dos Galegos, dotando-os de uma
verticalidade inabalável e de uma resistência impossível de domar. E ao mesmo
tempo em que se impõem, altos e distintos como as montanhas, os galegos trazem
no sorriso e no abraço a doçura do cheiro do mar e a beleza das camélias que
cobrem aquelas terras. Falo-vos disto porque tomei consciência da força daquela
gente. Da simplicidade do que têm e do que são, fazem obra grande e notável.
Assumem a tradição e a história que os define e renovam-na numa Cultura
sagrada. Repito, sagrada. E se ousarem castrá-los, eles resistem, resistem,
resistem e resistem outra vez.
Falo-vos dos nossos irmãos
Galegos que a fronteira separou de nós por ver neles o que sonho para Portugal
e, ouso dizer, para a Lusofonia. Que possamos resistir sempre que nos quiserem
domar. Que possamos assumir a nossa identidade enquanto falantes do Português,
uma identidade feita de identidades, pois um falante de português no Brasil é
diferente de um falante de português em Angola, há hábitos culturais que lhes
são distintos, e que caminhemos juntos nesta multiplicidade de identidades que
nos define.
A Cultura é múltipla e, por
isso, é sagrada e essencial. Determina-nos. Se vos perguntar se têm um lema de
vida, certamente citar-me-ão a frase de um livro que leram. Se vos perguntar se
têm um olhar particular sobre o mundo, certamente esse olhar foi determinado
pelas pinturas ou pelos filmes que viram. A Cultura é a Estrela Polar que nos
orienta os passos enquanto civilização, de uma forma livre e consciente. É a
promotora do encontro com o outro e, por isso, dos afectos e do amor universal.
E se mergulharmos novamente em tempos sombrios como os que já vivemos, neste
tempo em que as ameaças de os vivermos novamente surgem de todas as latitudes e
longitudes, a Cultura é o farol que se impõe, é a luz: sempre altiva, vertical
e indomável.
Conto com todos vós para que
possamos traçar um caminho de seriedade e excelência, um caminho que promova o
encontro, a partilha e a oportunidade de fazer de forma nova e diferente. Que
possamos fazer com que despontem novas auroras e que tenhamos a vigilância para
definirmos o momento de resistir. Saibam que, comigo, terão sempre alguém que
quererá ouvir-vos e aprender. Que todos juntos possamos fazer do Núcleo
Académico de Letras e Artes de Lisboa uma referência de mérito, vanguarda,
activismo e liberdade, em Portugal e em todo o mundo da Lusofonia. Todos somos
essenciais para o equilíbrio desta Terra em que vivemos. Basta que aprendamos a
focarmo-nos naquilo que realmente importa, o que nos une. Baía da Lusofonia
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Samuel
Pimenta, escritor, nasceu em Alcanhões, Santarém, Portugal, a 26
de Fevereiro de 1990. Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade
Nova de Lisboa, começou a escrever com 10 anos. Em 2007, viu-se classificado em
2.º lugar no Concurso de Escrita da Biblioteca Municipal Dr. Hermínio Duarte
Paciência, em Alpiarça. Em 2010, foi um dos contemplados com o VI Prémio
Literário Valdeck Almeida de Jesus na vertente de Poesia, no Brasil. Em 2011,
foi cronista na revista online "Clique". Foi vencedor do Prémio
Jovens Criadores 2012, na vertente de Literatura, promovido pelo Governo de
Portugal e pelo Clube Português de Artes e Ideias, com o poema “O relógio”. Tem
participado em diversas conferências e encontros literários e tem colaborado
com publicações em Portugal (Revista LER), Brasil (Revista Orobó), Angola
(Jornal Cultura) e Moçambique (Revista Literatas). Actualmente, é cronista do
site de informação "Rede Regional", escreve regularmente para o seu
blog pessoal (samuelpimentablog.blogspot.com) e dinamiza tertúlias literárias.
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