Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 28 de março de 2014

Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa

Ontem, dia 27 de Março de 2014, na sede da Comunidade de Países de língua Portuguesa (CPLP), a Literarte, Associação Internacional de Escritores e Artistas, com sede em Cabo Frio, Rio de Janeiro, Brasil, fundada a 10 de Julho de 2010, apresentou o Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa, que será a sua delegação na capital portuguesa.

O Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa pretende homenagear académicos, escritores e artistas das mais diversas áreas, agregando-os ao Núcleo e convidou mais de cem personalidades ligadas à cultura lusófona para tomarem posse como Membros de Honra, Académicos Correspondentes e Académicos Correspondentes Estrangeiros.

A Mesa foi presidida pelo jovem escritor Samuel Pimenta, de Portugal, Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa, acompanhado do Vice-Presidente Delmar Maia Gonçalves, presidente da Direcção do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD), de Moçambique, de Izabelle Valladares, do Brasil, presidente da Literarte, Diva Pavesi, presidente da Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture, natural do Brasil e Dinorá Couto Cançado, escritora, pedagoga, especializada em inclusão, também do Brasil.

Entre as figuras lusófonas que tomaram posse, a grande maioria dos convidados estiveram presentes, destacamos Pilar Del Rio e Maria João Gama de Portugal, Amilca Ismael, Ribeiro Canotilho e Roberto Chichorro de Moçambique, David Levy Lima de Cabo Verde, Maria Dovigo da Galiza, Marcelo Csettkey e Giselle Wolkoff do Brasil.

O registo do discurso de Samuel Pimenta presidente do Núcleo:


Aturujo à Cultura
Texto do discurso de abertura da Cerimónia de Tomada de Posse dos Membros de Honra,
Académicos Correspondentes e Académicos Estrangeiros do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa

No fim-de-semana passado, estive num encontro poético na Galiza, “Aturujo à Terra”, chamava-se. Aturujo é o grito, um urro de alegria, quase xamânico. É a vida a manifestar-se. Percebi que o aturujo está impregnado no ser dos Galegos, dotando-os de uma verticalidade inabalável e de uma resistência impossível de domar. E ao mesmo tempo em que se impõem, altos e distintos como as montanhas, os galegos trazem no sorriso e no abraço a doçura do cheiro do mar e a beleza das camélias que cobrem aquelas terras. Falo-vos disto porque tomei consciência da força daquela gente. Da simplicidade do que têm e do que são, fazem obra grande e notável. Assumem a tradição e a história que os define e renovam-na numa Cultura sagrada. Repito, sagrada. E se ousarem castrá-los, eles resistem, resistem, resistem e resistem outra vez.

Falo-vos dos nossos irmãos Galegos que a fronteira separou de nós por ver neles o que sonho para Portugal e, ouso dizer, para a Lusofonia. Que possamos resistir sempre que nos quiserem domar. Que possamos assumir a nossa identidade enquanto falantes do Português, uma identidade feita de identidades, pois um falante de português no Brasil é diferente de um falante de português em Angola, há hábitos culturais que lhes são distintos, e que caminhemos juntos nesta multiplicidade de identidades que nos define.

A Cultura é múltipla e, por isso, é sagrada e essencial. Determina-nos. Se vos perguntar se têm um lema de vida, certamente citar-me-ão a frase de um livro que leram. Se vos perguntar se têm um olhar particular sobre o mundo, certamente esse olhar foi determinado pelas pinturas ou pelos filmes que viram. A Cultura é a Estrela Polar que nos orienta os passos enquanto civilização, de uma forma livre e consciente. É a promotora do encontro com o outro e, por isso, dos afectos e do amor universal. E se mergulharmos novamente em tempos sombrios como os que já vivemos, neste tempo em que as ameaças de os vivermos novamente surgem de todas as latitudes e longitudes, a Cultura é o farol que se impõe, é a luz: sempre altiva, vertical e indomável.

Conto com todos vós para que possamos traçar um caminho de seriedade e excelência, um caminho que promova o encontro, a partilha e a oportunidade de fazer de forma nova e diferente. Que possamos fazer com que despontem novas auroras e que tenhamos a vigilância para definirmos o momento de resistir. Saibam que, comigo, terão sempre alguém que quererá ouvir-vos e aprender. Que todos juntos possamos fazer do Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa uma referência de mérito, vanguarda, activismo e liberdade, em Portugal e em todo o mundo da Lusofonia. Todos somos essenciais para o equilíbrio desta Terra em que vivemos. Basta que aprendamos a focarmo-nos naquilo que realmente importa, o que nos une. Baía da Lusofonia

________________ 
Samuel Pimenta, escritor, nasceu em Alcanhões, Santarém, Portugal, a 26 de Fevereiro de 1990. Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, começou a escrever com 10 anos. Em 2007, viu-se classificado em 2.º lugar no Concurso de Escrita da Biblioteca Municipal Dr. Hermínio Duarte Paciência, em Alpiarça. Em 2010, foi um dos contemplados com o VI Prémio Literário Valdeck Almeida de Jesus na vertente de Poesia, no Brasil. Em 2011, foi cronista na revista online "Clique". Foi vencedor do Prémio Jovens Criadores 2012, na vertente de Literatura, promovido pelo Governo de Portugal e pelo Clube Português de Artes e Ideias, com o poema “O relógio”. Tem participado em diversas conferências e encontros literários e tem colaborado com publicações em Portugal (Revista LER), Brasil (Revista Orobó), Angola (Jornal Cultura) e Moçambique (Revista Literatas). Actualmente, é cronista do site de informação "Rede Regional", escreve regularmente para o seu blog pessoal (samuelpimentablog.blogspot.com) e dinamiza tertúlias literárias.

Sem comentários:

Enviar um comentário