Embora os
congestionamentos ocorridos no ano passado durante o escoamento da safra
agrícola procedente do Centro-Oeste tenham provocado um prejuízo avaliado pelo
Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), de Cubatão, em R$ 1,5
milhão somente com o pagamento de horas-extras pelo atraso de funcionários,
retidos em ônibus, praticamente nada foi feito pelas autoridades, exceto o
anúncio de um esquema de agendamento eletrônico dos caminhões que se destinam
aos terminais graneleiros.
Obviamente,
os prejuízos não se limitam aos custos com horas-extras, pois a situação
caótica nas rodovias e vias de acesso ao porto de Santos – que começa a se
repetir em 2014, como era previsto – tem refreado investimentos privados na
região, pois muitos grupos econômicos estão pensando duas vezes antes de
instalar empresas ou ampliar suas instalações. Além disso, há a questão da
segurança que tem sido negligenciada, pois, no atual quadro caótico, se ocorrer
qualquer situação de emergência, será impossível mobilizar equipes de socorro.
Por tudo
isso, age bem o Ciesp-Cubatão em estudar a possibilidade de ingressar com ações
judiciais para cobrar as perdas de seus associados dos responsáveis por esse
caos. Não se sabe quem a Justiça poderá culpabilizar: se a Secretaria Especial
de Portos (SEP), a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) ou a Ecovias
ou ainda os produtores do Centro-Oeste que, devido à falta de locais para a armazenagem
de grãos, transformam caminhões em silos e transferem o problema para outras
esferas.
Por enquanto,
a SEP e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) limitaram-se a multar terminais, com a esperança
de que se organizem melhor para receber os caminhões. Mas, no fundo, o que
existe é uma logística deficiente e precária para suportar uma demanda
superdimensionada.
Acena-se
agora com a abertura de pátios de estacionamento. Atualmente, dois estão em
funcionamento, o Ecopátio e o Rodopark, em Cubatão, que se mostram insuficientes.
Segundo a Codesp, até junho poderá estar implantado um pátio no Jardim
Casqueiro, em Cubatão, em área de 52 mil metros quadrados, entre a Marginal Sul
da Via Anchieta e a interligação com a Via dos Imigrantes. Mas trata-se de área
localizada em bairro residencial, o que poderá dar margem a protestos de
moradores.
Há ainda um
pátio de terra batida credenciado pela Codesp em Sumaré, a 23 quilômetros de
Campinas, com 150 vagas, às margens da Rodovia Anhanguera, cuja entrada em
funcionamento a título precário deu-se no começo de março. A Codesp estuda
também a utilização de uma área na Zona Noroeste, em Santos, com 150 vagas. Se
esses pátios funcionarem a contento, será possível reservar o Ecopátio e o
Rodopark só para os caminhões com destino à margem esquerda do porto, no
Guarujá.
Seja como
for, mesmo com esses cinco pátios em funcionamento, não se sabe se o problema
estará resolvido. Até porque o número de vagas que oferecem parece irrisório
diante da demanda. A saída talvez seja o asfaltamento da BR-163 para que a
maior parte da safra possa ser escoada pelos portos do Norte do País. Milton Lourenço - Brasil
___________________________________________________________
Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários
de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis)
e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
Sem comentários:
Enviar um comentário