Artista português expõe na Creative Macau
fotografias sobre icebergues da Antárctida
O artista português Álvaro Barbosa inaugura
na sexta-feira, dia 10 de Janeiro de 2014, uma exposição fotográfica sobre icebergues da
Antárctida que resulta de uma expedição realizada em 2012 com o músico Victor
Gama e que dará origem a um livro.
A exposição “Gelo à deriva: contemplando
icebergues da Antárctida”, que terá lugar na Creative Macau, conta com 20
fotografias captadas na Antárctida em Janeiro de 2012, durante uma expedição de
dez dias realizada com objectivos artísticos pelos dois portugueses nascidos em
Angola. “A Orquestra Sinfónica de Chicago tinha encomendado a Victor Gama uma
peça sobre um teste nuclear levado a cabo pela África do Sul na Antárctida nos
anos 70 e, por isso, ele queria fazer uma expedição para captar imagens do local
onde ocorreu esse evento. Como tínhamos começado a trabalhar juntos, ele
propôs-me que o acompanhasse”, explicou Álvaro Barbosa à agência Lusa.
Os
dois conheceram-se na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, onde Victor
Gama estava a fazer uma residência artística e Álvaro Barbosa um
pós-doutoramento em tecnologia musical.
Fotografia Álvaro Barbosa |
“Fomos à Antárctida num barco oceanográfico
que realizou uma expedição com pessoas de várias áreas, como biólogos e
geólogos, e nós éramos os únicos que íamos com um propósito artístico e não
científico”, recordou Álvaro Barbosa.
Os dois artistas captaram sons e vídeo que
serviram o propósito da peça “Vela 691″ (nome do satélite norte-americano que
detectou em 1979 a explosão nuclear na Antárctida), realizada por Gama e com a
participação de Barbosa na parte do vídeo, que estreou em Chicago, ainda em
2012.
O material recolhido deu origem a outras
peças como “Journey to the Last Frontier”, apresentada por ambos ao vivo no
Porto, na abertura do Festival Black&White, e por Barbosa com a Hong Kong
Music Ensemble, em Julho de 2013, na antiga colónia britânica. “Na Antárctida,
também tirámos muitas fotografias, mas fizemo-lo mais como elemento colateral,
mas como estivemos em sítios que nos proporcionaram adquirir imagens fora do
normal e bastante interessantes, preparei todo este material para um livro que
será publicado este ano essencialmente sobre os icebergues e a Creative
propôs-me também fazer uma exposição”, indicou Barbosa.
“Há uma narrativa à volta desta ideia dos
icebergues, debrucei-me sobre a forma como eles surgem, como se desenvolvem e
acabam por morrer, comecei a aperceber-me que existe ali um ciclo de vida,
apesar de não se tratar de matéria viva, semelhante ao das espécies animais”,
salientou.
A par dos icebergues, as fotografias incidem
também sobre o que chama de “antarcticans”, os “animais e vegetais, que são
poucos, que vivem na Antárctida”. “Uma das coisas que mais me surpreendeu é que
o imaginário que temos de uma região agreste, silenciosa, sem qualquer tipo de vida,
não corresponde nada ao que existe na península, que é uma costa extensa, com
muitos animais, nada silenciosa, antes muito ruidosa, com muitos cheiros,
tentei, portanto capturar um pouco essa ideia da vida na Antárctida”,
sustentou.
Álvaro Barbosa, de 43 anos, nasceu em Luanda,
licenciou-se em Engenharia de Telecomunicações em Portugal, fez o doutoramento
em tecnologia musical em Barcelona, lançou o curso de Som e Imagem na Escola
das Artes da Universidade Católica do Porto e actualmente é director da
Faculdade de Indústrias Criativas da Universidade de São José em Macau, filiada
à Universidade Católica Portuguesa. In “Hoje Macau” - Macau
Fotografia Álvaro Barbosa |
Sem comentários:
Enviar um comentário