Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Macau - Workshop para crianças de contos de histórias inspirados em Mia Couto, na Livraria Portuguesa

“Histórias contadas, criadas e abensonhadas” é um workshop para crianças, de seis sessões, onde serão apresentados contos de histórias do mundo lusófono com o intuito de despertar a importância da relação com o livro como objecto, o cultivo do hábito de leitura e do uso da imaginação



Amanhã realizar-se-á o segundo workshop do projecto “Histórias contadas, criadas e abensonhadas”, organizado por Elisa Vilaça, na Livraria Portuguesa, havendo posteriormente ainda mais quatro sessões, que se realizarão nos sábados seguintes, no mesmo local.

O Ponto Final falou com Elisa Vilaça que explicou um pouco sobre este projecto de contos de histórias para crianças. “O workshop funciona, no fundo, um pouco para incentivar os jovens à leitura e à familiarização também com o objecto livro, porque hoje em dia, mais do que nunca, as crianças têm uma série de elementos, novas tecnologias, e isso tudo que normalmente se sobrepõe à leitura, à história, ao estar atento, ao imaginário… por isso é fundamental que não seja esquecido, não é?”, disse a antiga professora primária.

Elisa Vilaça explica que uma actividade destas vem no contexto de criar um pouco de “magia” através do conto de histórias, da metodologia que é aplicada no conto, no próprio momento de contar a história, com a presença do próprio livro. O mostrar das imagens ou ilustrações do livro são também um aspecto importante para que o conto se vá desenvolvendo, considera Elisa Vilaça, juntamente com o tipo de linguagem muito especial, própria do estilo literário.

A responsável pelo workshop disse que haverá também histórias inventadas, criadas e contadas pela própria e recriadas a partir de histórias existentes, algo que também é importante para o desenvolvimento das crianças, considera Vilaça, como “contos que muitas vezes são alterados no imaginário dos miúdos”. Outro exercício será o processo da história contada e imaginada também pela própria criança, como uma forma de explorar o seu imaginário.

O workshop terá a duração de uma hora e contará com inscrições limitadas a apenas oito lugares, para crianças dos 5 aos 9 anos de idade. A antiga professora explicou que a razão deve-se não só às limitações do próprio espaço da Livraria Portuguesa, como também atendendo aos problemas em relação ao confinamento e regras relacionadas com a pandemia.

Ao Ponto Final, Elisa Vilaça explicou o funcionamento do workshop: “As crianças chegam ao espaço, têm as suas próprias almofadas para se sentarem e eu começo a contar-lhes as histórias. Falo um bocadinho, faço uma breve apresentação, que muitas vezes é um exercício extra com as crianças. O início da sessão depende muito como eles chegam, se estão bem dispostos, se estão excitados… e realmente, neste contexto, é instigado por mim um pouco, tentar cativá-los para aquilo que vai ser feito nesse dia, porque todos os dias varia um bocadinho. O contexto é importante para determinar que tipo de história se vai fazer e como é que se pode começar a criar aquela situação de espanto nas crianças e deixá-las interessadas no que irá acontecer”, explicou a responsável pelo workshop, acrescentando que atendendo às faixas etárias, “o nível de dificuldade não pode ser muito grande”.

Elisa Vilaça trabalha com crianças há 40 anos e está também bastante envolvida no teatro de marionetes. Para a própria, trabalhar com crianças é quase como “uma rotina”, e sente-se à vontade para trabalhar com os mais jovens. Em Macau, explica, o maior desafio é que a maioria das crianças são de língua materna chinesa, isto é, crianças de etnia chinesa que estão interessadas em aprender o português.

Na primeira sessão do workshop, que decorreu no sábado passado, teve seis crianças inscritas que aderiram, sendo que quatro delas eram de língua materna chinesa e que pretendiam aperfeiçoar o português. “Isso é um desafio muito grande, porque é pô-las um pouco à prova e pedir-lhes para serem elas a contar, serem elas a explicar as coisas. É um desafio maior para uma criança que não domina completamente o português, do que para outra que domina, por isso, na própria selecção de histórias e na forma como elas são exploradas, tem que se ter atenção a essa capacidade de compreensão por parte das crianças que estão envolvidas no projecto”, prosseguiu.

Questionada acerca da ligação de Mia Couto a esta iniciativa, Elisa Vilaça esclarece que o workshop terá contos de “histórias do mundo”, principalmente de histórias ligadas aos países lusófonos, uma vez que Macau tem estado com “um trabalho e uma preocupação de uma interligação no processo das línguas lusófonas”. A menção a Mia Couto é apenas como uma inspiração para a própria, pois a organizadora tem um “apreço e uma dedicação muito especial” ao trabalho realizado pelo escritor moçambicano, especialmente devido ao imaginário e o tipo de linguagem que utiliza, e admite ser uma “leitora compulsiva” do escritor.

O workshop “Histórias contadas, criadas e abensonhadas” tem ainda duas vagas disponíveis, com um custo de 625 patacas por criança. Os interessados podem dirigir-se à Livraria Portuguesa para se inscreverem. Joana Chantre – Macau in “Ponto Final”

 

Joanachantre.pontofinal@gmail.com

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