Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Macau - Golfinhos brancos chineses regressam às águas entre Macau e Hong Kong

Depois de as rotas marítimas entre as duas Regiões Administrativas Especiais terem sido interrompidas, golfinhos brancos chineses regressaram às águas entre Macau e Hong Kong. Especialistas dizem ter encontrado três diferentes grupos de golfinhos, incluindo seis adultos



Golfinhos brancos chineses estão a regressar às águas entre Hong Kong e Macau depois de a pandemia da COVID-19 ter levado à interrupção dos serviços de “ferry” entre as duas Regiões Administrativas Especiais. Ainda assim, cientistas continuam “muito preocupados” com a sobrevivência, a longo prazo, desta espécie numa das rotas marítimas com maior tráfego.

Segundo a “AFP”, Naomi Brennan começou a aperceber-se da presença dos golfinhos e a inserir a sua localização num GPS. Conservacionistas como Brennan regularmente andam de barco no Delta do Rio das Pérolas para avaliar a condição destes mamíferos. “Hoje [dia 20] encontrámos três diferentes grupos de golfinhos – seis adultos e dois sub-adultos”, explicou acrescentando que eles nadavam, alimentavam-se e sociabilizavam.

Ao longo de vários anos, observar a condição dos golfinhos tem sido uma tarefa desmotivante. “A população caiu entre 70% e 80% ao longo dos últimos 15 anos, naquele que é um dos estuários mais industrializados”. Porém, este ano, os números recuperaram devido à pandemia que levou à suspensão dos transportes marítimos e os cientistas olham para esta fase como uma oportunidade para estudar o modo como os mamíferos se adaptaram à “calma sem precedentes”.

“Estamos a ver grupos muito maiores, bem como muito mais sociabilização, reprodução, o que não vimos ao longo dos últimos cinco anos”, indicou Lindsay Porter, uma bióloga marinha que vive em Hong Kong. Segundo a sua equipa, o número de golfinhos cor-de-rosa aumentou cerca de um terço desde Março. “estas áreas parecem ser importantes para a alimentação e sociabilização, assim, é óptimo ver que há um refúgio para eles”, acrescentou Naomi Brennan que integra esta equipa.

O Delta do Rio das Pérolas é uma das zonas costeiras mais industrializadas e, além de um tráfego pesado ao nível de navios cargueiros, o habitat dos golfinhos tem sentido o impacto de projectos de grande escala como a construção do Aeroporto de Hong Kong e da Ponte do Delta.

De acordo com o “World Wildlife Fund” (WWF), só há cerca de 2000 golfinhos brancos chineses no Delta do Rio das Pérolas, o número mínimo necessário para manter a espécie, acreditam os conservacionistas. Há um receio de que esta espécie possa extinguir-se. “Golfinhos, especialmente estes golfinhos num estuário, têm uma taxa de natalidade baixa, bem como uma lenta taxa de crescimento e de reprodução” disse Laurence McCook, director de conservação oceânica do WWF em Hong Kong.

“Agora identificámos um habitat que pode ser reclamado [pelos golfinhos] e que pode ser usado para apoiar a população”, sublinhou Naomi Brennan frisando que as recentes descobertas podem ser uma oportunidade para os conservacionistas no sentido de reverter a situação da população vulnerável de golfinhos”, acrescentou ainda. “O facto de termos visto uma mudança tão dramática apesar de ser tão cedo, é muito positivo”.

Ainda assim, o responsável alerta que esta espécie está “a ficar sem tempo”. “Eles [golfinhos] são um ícone da área. São parte da herança cantonense e estão aqui há milénios. Seria uma tragédia global perder estas criaturas icónicas no futuro da Grande Baía”. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau” com “Agências Internacionais”

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