Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Macau – Uma oportunidade

Macau desperdiça a oportunidade de ser anfitrião das empresas brasileiras na China

A RAEM e Brasil partilham o mesmo meio de pagamentos electrónicos – uma vantagem para empresários –, mas falta marketing para os atrair.

Macau está a desperdiçar a oportunidade de ser um parceiro preferencial nas relações comerciais entre a China e o Brasil, sobretudo na área dos pagamentos electrónicos.

Para Cláudia Nunes, investigadora da Fundação brasileira Getúlio Vargas e uma das oradoras da conferência “Chinese-Lusophone Relations: China and Brazil”, organizada pela Universidade de Ciências e Tecnologia, Macau devia ser o anfitrião das empresas brasileiras por três razões: partilham uma língua, têm um sistema jurídico muito semelhante e sobretudo têm um sistema de pagamentos electrónicos entre bancos (o do BNU), o que permite poupar dinheiro às empresas brasileiras.

“As pessoas pensam que investir por Hong Kong é mais em conta, mas não é. Lá usa-se a plataforma inglesa [a Western Union] (…), enquanto que Macau, Angola, Moçambique, Brasil e Portugal usam a mesma plataforma, a JAVA”, explicou ontem a professora à margem do painel “China-Brazil Relations and Macau”.

Um exemplo? “Depende do investimento, mas se uma empresa usar o BNU para transferir menos de 10 mil patacas não paga nada. Se fosse em Hong Kong teria de pagar pelo menos de 2 por cento [sobre a transacção]”, acrescenta a autora do estudo “How do Brazil and Macau use ‘Electronic Payment’ to improve Chinese-Lusophone business relations?”.

As poupanças estão relacionadas com a compatibilidade dos sistemas dos bancos. “Se uma plataforma tem um sistema de desenvolvimento próprio e por um motivo qualquer este não comunica bem com o outro banco, o que acontece é que o sistema fica completamente inseguro e será preciso pagar a segurança, que é a taxa de administração”, explica a professora. Logo, a transferência fica mais cara – um problema que não acontece em Macau – mas que os investidores brasileiros não usam pois preferem investir por Xangai ou Pequim.

Então o que falta para chegar a estes empresários? “Marketing”, diz a especialista, acrescentando que esse papel pode ser feito pelos media e pelo BNU.
 Aliás, Macau apresenta ainda vantagens para os investidores brasileiros como um sistema jurídico “muito semelhante” ao brasileiro (o que facilita as transacções e os pagamentos electrónicos) e ainda uma lei sobre os pagamentos electrónicos “muito boa” e que a especialista diz ser melhor que a brasileira.

No mesmo painel Paul B. Spooner, professor da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, assinalou que desde a entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001, “as trocas comerciais com o Brasil aumentaram quase 20 vezes, mas quase nenhuma dessas transacções passou por Macau”. In “Ponto Final” - Macau

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