Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 7 de setembro de 2013

Estrela partida


A distância dói-me sempre na alma
o silêncio dói-me no universo do meu corpo
a ele vão sempre parar as palavras
e os silêncios que me torturam

A história se repete sempre do mesmo jeito
como as estações de cada ano…
sei, sei que devia estar acostumada mas…
a cada despedida numa só tarde de Agosto
eu vivo sete longos invernos

Não sei mais permanecer em paz
tu não sabes passar as folhas
do livro sem folhas que é a nossa vida

Eu sozinha leio as paginas que nem restam
ora eu, menina poeta selvagem: invento !
leio em voz baixa e tu mantens a luz desligada
ficas calado sorrindo só para os morcegos

Pensas que os deuses talvez não te vejam
e não te somem pontos para o des-paraíso
ao que com certeza nós iremos,
tu por direito próprio…
e eu por seguir-te, eu por seguir-te…

Achas que coleccionar infernos aqui abaixo
contará para alguma cousa…
Ou será a tua uma falsa calma?

Escondes sempre a palavra que cura
e silêncio enche o buraco deixado no meu peito
e eu não aprendo, eu não aprendo !!
mostro e mostro meu lado vulnerável…

Prefiro antes a palavra ferida
do que o abismal silêncio que me parte
como navalha viva que furasse o céu
ou como dentes que rasgassem a alma

Concha Rousia - Galiza

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