Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Nuclear já ali

O nuclear ali tão longe

A menos de seis meses da entrada em funcionamento da central nuclear de Taishan, que vai estrear uma nova tecnologia atómica, os Serviços de Protecção Ambiental dizem que Macau não precisa de activar medidas de protecção. O território estará a salvo por estar a mais de 20 quilómetros de distância.

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) diz que Macau não precisa de activar medidas de protecção contra acidentes atómicos por estar a mais de 20 quilómetros das centrais nucleares instaladas nas cidades vizinhas. A posição é assumida depois de o projecto para a fábrica de processamento de urânio em Jiangmen ter sido cancelado e quando faltam menos de seis meses para a centrar nuclear de Taishan entrar em operações, com uma tecnologia nunca antes utilizada.

Macau tem um plano de contingência para responder a catástrofes nucleares, que foi revisto em 2011. O programa pretende garantir que os serviços da Administração tomam “medidas urgentes de modo eficiente” para “enfrentar os acidentes de fuga nuclear e a poluição por radiação que possam ocorrer nas regiões vizinhas”, afirma o director da DSAP, Cheong Sio Kei, em resposta a uma interpelação do ex-deputado Lee Chong Cheng.

Em 2008 como em 2011, o guia para actuação em caso de acidentes radioactivos estipula que, mesmo nos piores cenários, as medidas a adoptar pelo Governo serão simples. “Como Macau está distanciado a mais dos 20 quilómetros previstos das fábricas nucleares instaladas nas regiões circunvizinhas, não precisará de aplicar medidas de protecção”, defende Cheong Sio Kei.

Mesmo que aconteça um incidente nuclear de nível VII (o máximo, na classificação internacional), o território está apenas preparado para “efectuar a verificação e a descontaminação de visitantes, materiais e produtos, e instrumentos de transportes oriundos da região” e das zonas adjacentes ao local do acidente.

Os parâmetros de actuação seguem, indica o director da DSPA, as normas definidas pela Agência Internacional de Energia Atómica. O plano de contingência prevê o alerta à população (através da rádio e televisão) e a distribuição de comprimidos de iodato de potássio, para limitar a absorção da radiação pela tiróide.

“Que eu saiba, a poluição nuclear pode infectar uma área bastante alargada, nomeadamente através da radicação nuclear e das partículas radioactivas”, contrapôs Lee Chong Cheng, na interpelação que fez ao Governo antes de terminar o mandato e quando o projecto para a primeira fábrica de produção de combustível nuclear da China previsto para Heshan, na cidade de Jiangmen, estava na ordem do dia. A obra foi cancelada pelo Governo de Guangdong ainda em Julho, depois de uma manifestação que levou centenas de pessoas à rua.

Os activistas antinuclear de Hong Kong também censuraram o projecto por, conforme recordou Lee, anteciparem um nível de poluição “muito mais grave” do que os causados por reactores nucleares eléctricos. “Se a RAEHK ficar afectada, a RAEM não pode estar livre”, insistiu o então deputado. Macau está a cerca de cem quilómetros de Jiangmen.

Apesar de o projecto para a fábrica de enriquecimento de urânio em Heshan ter sido cancelado, o Gabinete do Coordenador de Segurança de Macau continua a “acompanhar a situação com os serviços competentes do Interior da China”, segundo o director da DSPA.

Também a central nuclear de Taishan, a 68 quilómetros de Macau, tem sido contestada, em Hong Kong e Macau. A infra-estrutura vai usar tecnologia atómica de terceira geração, de reactores pressurizados, nunca antes utilizada. A Associação Novo Macau entregou, na semana passada, uma petição a pedir mais informações sobre o projecto e a perguntar se existe um plano de emergência nuclear para Taishan.

Em Novembro do ano passado, o grupo de incidentes nuclear fez um simulacro de acidente atómico na central, mas as únicas informações avançadas foram as de que o plano de contingência deveria ser melhorado por falhas de comunicação.

Apesar de manter que num raio inferior a 20 quilómetros de centrais nucleares não se justifica a aplicação de medidas de protecção, a DSPA diz estar a estudar a criação de um plano de contingência para acidentes ambientais. Sónia Nunes – Macau in “Ponto Final”

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