No
início do terceiro quartel do século XIX, o missionário inglês Livingstone
propõe-se evangelizar e combater o tráfico de escravos nas terras do Rio
Zambeze. Desembarca no Prazo do Goengue, onde irá encontrar a voluptuosa
mulata, de olhos vivos, que se chama Dona Luíza Michaela Rita da Cruz. Algo diz
que a carnalidade dos sentimentos em relação a ela o vai tornar num homem
comum, levando-o a descambar numa avassaladora paixão, que o leva a
transmutar-se, numa luta interpessoal, mas talvez não resolvida, que o faz
perder-se nas trevas. O encontro arrasta-o até ao extremo da ansiedade, como
quem se põe a descascar o fruto para chegar à polpa da mulher. E nisso vai
saciando a curiosidade sobre a natureza e a vida dela, até dar-se com os seus
oito maridos. Esse exercício vai consagrá-lo no biógrafo dela e da
"sagrada" família Cruz, do Estado de Massangano, que dificulta a
colonização portuguesa. O leitor será levado a viajar como se fizesse parte da
fauna acompanhante do missionário ou como se testemunhasse com olhos de ver as
diferentes intrigas, dramas e tragédias da Casa‑grande. Olga Nhacarize – Moçambique in “Camões | Centro
Cultural Português - Pólo da Beira”
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Adelino Timóteo nasce a 3 de fevereiro de
1970, na cidade da Beira. Formado em docência de língua portuguesa, não chega a
exercer a profissão. É licenciado em direito. Exerce o jornalismo paralelamente
com as artes plásticas. O Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU)
homenageia-o em 2004 e o Conselho Municipal da Beira (2007), respetivamente
pela sua poesia, e pelo seu contributo cultural para a urbe. É cidadão honorário
de Quelimane, desde 2015. É Prémio Anual do SNJ para a melhor Crónica
Jornalística (1999). Galardoado Melhor Escritor da Cidade da Beira (2013). Em
2015, a CEMD galardoa-o, em Lisboa, pela “excelente e inquestionável
qualidade da sua obra...” Tem poemas traduzidos em italiano (Dis
Uguaglianze). Na poesia, tem as seguintes publicações: Os Segredos da Arte de Amar (1999); Viagem à Grécia através da Ilha de
Moçambique (2002) - Prémio
Nacional Revelação de Poesia AEMO, em 2001; A
Fronteira do Sublime (2006); Dos Frutos do Amor e Desamores até
à Partida (2011) - Prémio BCI
2011; Livro Mulher (2013); e Corpo de Cleópatra(2016). Na
ficção narrativa: Mulungu (2007); A Virgem da Babilónia (2009); Nação Pária (2010); Não Chora, Carmen (2013); Nós, os do Macurungo (2013);Na Aldeia dos Crocodilos (2014); Apocalipse dos Predadores (2014) e Os Oito Maridos de Dona Luíza Michaela da Cruz (2017). Consta da Antologia da Poesia Moçambicana Nunca mais é Sábado (Dom Quixote, Lisboa), Colectânea Breve da Literatura
Moçambicana (Identidades), Poesia sempre (2006 - Biblioteca Nacional do
Brasil), entre outras.
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