“Está provado que com a
comida que sobra, podíamos alimentar as pessoas que têm fome. Não se compreende
como… Não me lembro do número, mas há tantas crianças com fome. Quando vemos as
fotografias das crianças que passam fome de diversas regiões do mundo, deitamos
as mãos à cabeça. Não se compreende.
Creio que vivemos num
sistema mundial a nível económico que não é bom. No centro de todo o sistema
económico tem de estar o homem. O homem e a mulher. E tudo deveria estar ao
serviço do homem, mas agora, no centro, está o dinheiro. O deus dinheiro. E
caímos num pecado de idolatria, a idolatria do dinheiro.
E com esse afã de ter mais,
de querer mais, toda a economia se move descartando – é curioso. Há uma cultura
de descarte.
Descartam-se as crianças,
seja porque se limita a natalidade…Basta olhar para a taxa de natalidade que
existe na Europa. É baixíssima, 1, 2…Nenhum povo sobrevive com essa taxa de
natalidade. Descartam-se as crianças, descartam-se os velhos. Já não servem,
não produzem. É uma classe passiva. E ao descartar as crianças e os velhos,
descarta-se o futuro de um povo, porque eles são o futuro de um povo. As
crianças porque são elas que vão dar continuidade e os velhos porque são quem
nos dá a sabedoria, são os que têm a memória desse povo e têm de a transmitir
às crianças. Isso é descartado.
E agora, também está na moda
descartar os jovens com o desemprego. Preocupa-me muito a taxa de desemprego
atual. Alguém fazia-me notar… não tenho os números muito presentes, que, com
menos de 25 anos, há 75 milhões de desempregados, só na Europa, é uma
barbaridade. Portanto descartamos toda uma geração. Para manter um sistema
económico que já não se sustém. E para se manter e equilibrar, tem de fazer o
que faziam sempre os grandes impérios para sobreviver, fazer uma guerra.
Como não se pode fazer a
Terceira Guerra Mundial, fazem-se guerras regionais, e o que significa isto?
Que se fabricam armas, vendem-se armas e com isso, os balanços destas economias
da idolatria, que são mundiais, obviamente, conseguem avançar. E a par disto, o
pensamento único, que nos sonega a riqueza da diversidade do pensamento, e,
portanto, a riqueza de um diálogo, entre pessoas.
E uma globalização mal
compreendida. A globalização bem compreendida é uma riqueza. Uma globalização
mal compreendida para mim é uma esfera, em que todos os pontos são iguais,
todos equidistantes do centro, portanto, é anulada toda a individualidade. Uma
globalização que enriqueça é como um poliedro: todos unidos, mas cada um conserva
as suas particularidades, a sua riqueza e a sua identidade. E isso não
acontece, acontece a outra coisa. Por isso o pensamento único é um sistema
económico mau, e digo que é de idolatria porque sacrifica o homem em favor ao
ídolo dinheiro, não é?” Papa Francisco –
Vaticano in “SIC Notícias – Entrevista”
Poderá aceder à entrevista
na íntegra aqui.
parece que o Daniel Oliveira no eixo do mal considerou o Papa Francisco a personalidade internacional do ano, mas pelo Bem (José Luís Albuquerque)
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