É
originário da costa leste asiática mas já se espalhou por todos o planeta,
sendo actualmente considerado uma das 100 piores espécies invasoras do mundo.
Em Portugal foi detectado no rio Minho no final dos anos 80 e desde o início
dos nos 90 a sua presença foi observada no Tejo, onde actualmente tem uma
população bem instalada.
O caranguejo-chinês
(Eriocheir sinensis) é uma das muitas espécies não-indígenas que se conseguiu
fixar com grande sucesso em regiões distantes da sua área de distribuição
nativa, o leste asiático, e que tem causado impactos significativos nos
ecossistemas e prejuízos avultados para o homem. O ciclo de vida desta espécie
desenvolve-se entre-os-rios e os estuários, uma vez que as fêmeas migram para a
zona estuarina na altura da migração, para desovar. Os juvenis do
caranguejo-chinês migram depois para montante dos rios, para completar o seu
ciclo de vida, sendo aí que são observados grande parte do ano. Este decápode é
facilmente identificado por ter uma carapaça de dimensão média, arredondada, e
um amontoado de pelos castanhos nas patas dianteiras. É uma espécie
oportunista, que se alimenta de acordo com a disponibilidade alimentar no
habitat que frequenta, podendo incluir plantas e animais na sua dieta. Esta
espécie pode atingir elevadas densidades, como aconteceu em alguns rios na
Alemanha, competindo ferozmente com as espécies nativas, danificando redes de
pesca e podendo causar danos significativos nas margens, por destruir os
taludes e raízes das plantas aquáticas.
Em Portugal não foram
identificados impactos desta espécie, apesar dos pescadores indicarem danos
causados nas redes de pesca. Até há pouco tempo o estado da população da bacia
do rio Tejo era desconhecido, mas um estudo realizado recentemente mostrou que esta
espécie é bastante abundante e tem uma distribuição geográfica alargada, entre
a barragem de Belver e o estuário do Tejo (Coelho, 2013). Este estudo indicou
que a espécie já é bem conhecida dos pescadores de rio e que, durante o Inverno
e Primavera é capturado na zona do estuário, quando faz a migração para se
reproduzir. Devido às elevadas densidades, este caranguejo já é capturado para
comercialização, em particular num circuito estabelecido no seio da comunidade
asiática. Devido à proximidade das bacias hidrográficas do Tejo e do Sado e à
elevada capacidade de dispersão do caranguejo-chinês, é urgente o seguimento do
estado desta população e a sensibilização dos pescadores para a prevenção da
sua introdução em locais onde ainda não ocorre, tendo em conta o elevado risco
esta espécie e aos potenciais impactos que poderá vir a causar. Paula Chainho – Portugal in “Setúbal
na Rede”
Bibliografia:
Coelho, F. 2013.
Distribuição e abundância da espécie exótica Eriocheir sinensis no estuário do
Tejo. Tese de Mestrado em Gestão e Conservação dos Recursos Naturais.
Universidade de Évora e Instituto Superior de Agronomia, Lisboa.
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