Pequenos
acasos em grandes vidas?...
Veio isto a propósito da recente atribuição
do Prémio Nobel da Paz ao benemérito médico indiano, Kailash Satyarth,
incansável activista pela causa do trabalho escravo infantil, e das crianças em
risco na Índia.
Outra laureada com o mesmo galardão da Paz é
a nossa conhecida Malala Yousafsi, uma adolescente extraordinária e fora de
série, por quem tenho uma admiração enorme, que defende a educação de milhões
de crianças sem escola. Dois rostos, que agitam afinal, uma grande bandeira – a
integridade do ser infantil – que deveria ser a prioridade da chamada
humanidade.
Pois bem, a historieta que a seguir narrarei
tem a ver com o patrono dos prémios, Alfred Nobel.
Conta-se ou melhor, registaram os biógrafos
de Alfred Nobel, famoso químico e inventor sueco (1833 – 1896) um facto assaz
interessante e que transformou quase por completo a memória que a humanidade
havia dele guardar.
Aconteceu que em 1888, faleceu o irmão mais
velho de Alfred, Ludvig Nobel igualmente engenheiro químico, inventor e homem
de negócios. No obituário que apareceu nos grandes jornais franceses,
confundiram os manos e deram como falecido, o mais famoso deles, Alfred Nobel.
Um dos jornais mais lidos em França, trazia
inclusivamente, em grande cabeçalho a seguinte notícia: “Morreu o mercador da
morte».
Alfred Nobel pôde ler o seu obituário em vida
e rapidamente apercebeu-se de como ficaria conhecido para a posteridade, como o
inventor de dinamite que na realidade foi.
Produto bem conhecido, que embora seja ou,
tenha sido grande auxiliar em notáveis obras de engenharia, foi também
utilizado em larga escala, em guerras para a destruição de vidas e de bens…
Daí que o seu inventor, tenha reflectido e
pensado bem. A humanidade iria lembrar-se dele como o “mercador da morte” tal
com preconizado no jornal francês…
Então resolveu criar a Fundação Nobel com a
instituição de cinco prémios, a saber: Química, Física Medicina, Literatura e
Paz Mundial.
Algo grandioso que começou a funcionar na
realidade, a partir de 1900.
Hoje, Alfred Nobel é de facto mais conhecido
pelo prémio Nobel, instituído por ele, do que como inventor do “famigerado”
dinamite que tantas vidas e património destruiu nas guerras e nos conflitos
mundiais de então …
Para finalizar o meu escrito, volto ao
título: pequenos acasos em grandes vidas. Foi sorte dele ter lido em vida,
(perdoem-me o aparente pleonasmo) a própria notícia da morte. Ondina Ferreira – Cabo Verde in “Coral Vermelho”
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