Há um ano,
Estados Unidos e União Europeia iniciaram negociações para a formalização de
uma parceria de comércio e investimentos que tem por objetivo a eliminação de
barreiras para a circulação de bens e serviços entre os dois blocos econômicos.
Prestes a ser concluído, o acordo, com certeza, vai afetar a vida dos demais
países que estão fora dessa parceria.
Afinal,
juntos, Estados Unidos e União Europeia representam a metade do produto mundial
e 30% do comércio global, o que significa que os padrões que essa parceria
estabelecer é que vão valer para o resto do planeta, ou seja, para aqueles que
pretenderem vender seus produtos para o novo bloco econômico.
E o Brasil?
Como se sabe, o Brasil não faz parte de nenhum grande bloco nem participa de
tratativas para a formação de novos acordos comerciais. Está compromissado com
o Mercosul, que já representou 17% das trocas comerciais dentro da região que
engloba, mas que hoje está limitado a 12%.
Além de retroceder em termos econômicos, o Mercosul está paralisado
politicamente desde que a Argentina passou a impedir a evolução das negociações
com a União Europeia.
Fora isso, o
Brasil assinou acordos de livre comércio com Israel, Palestina e Egito e
tratados de preferências tarifárias com Índia e África do Sul, mercados que vão
de modestos a inexpressivos. A alegação
para tão reduzido êxito em negociações para fechar acordos bilaterais foi que o
País aguardava a conclusão da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC),
em Genebra, que deveria derrubar barreiras ao comércio global, principalmente
no setor agrícola. Mas, até agora, esses resultados não vieram e, ao que
parece, não virão mais.
Enquanto
isso, acordos bilaterais ou regionais não deixaram de pipocar no resto do
mundo, a ponto de serem hoje 354, de acordo com dados da OMC. Os Estados Unidos
participam de 14 acordos de livre comércio e ainda articulam aliança com nações
do Pacífico, com exceção da China. Já a União Europeia tem 32 acordos e a
China, 15. Nas vizinhanças, a Colômbia assinou 11 acordos, o Peru, 12, e o
Chile, 21. A diferença é que esses países, ao contrário do Brasil, não têm um
parque industrial desenvolvido e dependem, praticamente, das vendas de poucas commodities,
o que tem facilitado o fechamento de acordos. Já no Brasil – e igualmente na
Argentina- a indústria reluta em abrir-se a importações e exige salvaguardas
especiais e períodos de carência.
O resultado
disso é que o Brasil vem perdendo competitividade nas exportações de
manufaturados, assumindo-se como fornecedor de matérias-primas. A participação
industrial na pauta exportadora, que foi de 59% em 2000, caiu para 37% em 2012.
Em conseqüência, o número de empresas exportadoras caiu 10% e as importadoras
passaram de 28 mil para mais de 42 mil, registrando evolução superior a 50%.
Portanto, não
há mais tempo a perder. Num mundo que aposta na formação de blocos econômicos,
o Brasil precisa tratar de sua reinserção nas cadeias internacionais de
comércio. Afinal, se o País constitui o sétimo Produto Interno Bruto (PIB)
mundial, não pode continuar a ser apenas o 22º no ranking de exportação.
É preciso reagir. Milton Lourenço -
Brasil
___________________________________________________________
Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
Sem comentários:
Enviar um comentário