Uma Lagarta, Uma Lavoura e Bilhões de
Prejuízo
Uma lagarta até então desconhecida, que
atende pelo nome científico de Helicoverpa
armigera, tem causado bilhões de reais de prejuízo aos produtores
brasileiros em várias regiões e culturas. Mau manejo e utilização desnecessária
de defensivos faz com que o Brasil se encontre em Estado de Emergência
Fitossanitária. A Embrapa trabalha duramente para amenizar os problemas
causados pela praga.
Uma praga exótica até então inexistente em
lavouras brasileiras vem tirando o sono de produtores, extensionistas e
pesquisadores de todo o Brasil. Trata-se da Helicoverpa
armigera, uma lagarta de aproximadamente 4 cm com altíssimo poder de
destruição devido suas características biológicas, como alta fecundidade,
mobilidade e migração das mariposas. Isso a permite sobreviver em climas
instáveis e em culturas diversas, como soja, milho, algodão, pimentão, tomate,
sorgo, etc.
Seu primeiro ataque em solo brasileiro
aconteceu na safra de 2012/13 na Bahia e esse ano se acentua nos estádios
iniciais das culturas causando grandes perdas na soja, milho e algodão,
incluindo os principais estados produtivos, sem exceção. A gravidade do
problema é tão significativa que no último dia 18 o governo federal decretou
Estado de Emergência Fitossanitária, permitindo assim que moléculas químicas
não autorizadas pelo Ministério da Agricultura possam ser importadas de maneira
emergencial na tentativa de seu controle.
Obviamente que a resistência da lagarta aos
químicos existentes hoje no Brasil é fruto de um manejo inadequado (tanto de
rotação de culturas como do químico utilizado) reflexo da falta de
monitoramento, ansiedade e despreparo do produtor no seu controle, já que sua
precisa identificação só é possível através de estudos laboratoriais com a
análise da genitália masculina e molecular dos adultos. Tais medidas errôneas
fazem uma redução dos inimigos naturais da praga e uma disponibilidade
permanente de alimentação em diversos hospedeiros durante o ano inteiro,
criando assim um desequilíbrio no sistema produtivo.
Somente no estado da Bahia, na safra passada,
R$ 2 bilhões de prejuízo foram atribuídos ao ataque da Helicoverpa armigera. Também se estima que haverá, devido à
ocorrência da lagarta, um aumento de 92% no uso de inseticidas na safra
2012/13, em função da dificuldade de se atingir o alvo, pois a lagarta se
posiciona muitas vezes no limbo inferior da folha. Com base nisso e com uma
infestação muito mais precoce e mais intensa nessa safra de 2013/14, o
Ministério da Agricultura em conjunto com a Embrapa (http://www.embrapa.br/alerta-helicoverpa/Manejo-Helicoverpa.pdf) divulgou algumas
medidas para combater ou, ao menos, reduzir o ataque da lagarta. São elas:
1. Formação de um Consórcio coordenado pelo
Ministério com a finalidade de informar e capacitar técnicos sobre estratégias
de manejo de inimigos naturais, produtos químicos, biológicos, boas práticas
culturais/agronômicas e monitoramento da própria lagarta.
2. Uso de cultivares que reduzem a população
da praga, seguindo as alternativas disponíveis no mercado e que possuam
eficiência de controle, incluindo plantas Bt (proteína tóxica à Helicoverpa armigera).
3. Menor período possível de semeadura com a
finalidade de restringir a disponibilidade de alimento à praga e, evitar
cultivos subsequentes de plantas hospedeiras.
4. Uso do controle biológico com a liberação
de insetos parasitoides e predadores, assim como fungos, bactérias e vírus que
atacam a lagarta.
5. Integração de um manejo adequado de pragas
com monitoramento de fatores climáticos, estádio da cultura e identificação de
outras pragas.
6. Uso de feromônios em armadilhas
específicas com a finalidade de monitorar a população da lagarta em grandes
extensões.
7. Utilização do vazio sanitário, período no
qual a área permanece sem plantas hospedeiras, suprimindo o ciclo reprodutivo
da praga.
8. Utilizar a rotação de culturas e
destruição de plantas voluntárias/invasoras e restos culturais que sirvam de
alimento à lagarta. Luciano Crusius –
Brasil in “Infomoney”
Sem comentários:
Enviar um comentário