Por muito que me pareça justo dar
oportunidades aos "novos", acho abusivo, e uma objetiva falta de
respeito por uma Administração pública que se fez "a pulso", estar a
colocar em cargos governamentais figuras sem um mínimo de experiência que os
recomende para as áreas específicas que vão dirigir, ungidos apenas pela
confiança política ganha num gabinete, num qualquer lugar de nomeação/eleição
partidária, num banco ou numa consultora amigalhaça.
A situação é ainda mais absurda se pensarmos
que, de há uns tempos para cá, no âmbito do Estado, se segue a regra de
sujeitar a concurso público rigoroso a seleção de técnicos para ocuparem certas
funções de chefia. Ora parece-me incrível que esses responsáveis, logo de
seguida, sejam colocados sob a "orientação" de um meninote qualquer,
só porque tem um MBA tirado na estranja ou o cartão partidário em voga no
momento. Muitas vezes essas figuras nem sequer têm legitimidade eleitoral ou,
em casos em que ela existe, é apenas uma obscura passagem pelo parlamento,
depois "legitimada" por presenças palavrosas em debates
"prós-e-contras" nas televisões, na blogosfera ou nas colunas com
retratinho no canto, onde demonstraram a sua lealdade às lideranças de serviço.
Convido os leitores a olharem para alguns currículos e avaliar aquilo que neles
resultou de meras escolhas político-ideológicas e compará-los com os de outros
políticos, de pessoas oriundas do mundo real, de quem "fez pela vida"
e tem uma história profissional a apresentar.
Observando o caso de alguns secretários de
Estado - e este governo apenas abusa de uma prática que não é de hoje -
verifica-se que estamos perante verdadeiros estágios pagos, à custa do erário
público, ainda por cima atribuindo responsabilidades ao mais elevado nível. Seixas da Costa - Portugal in “Duas ou três coisas”
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