O Caminho de Ferro Galego. Tarde, mal e...
Em artigos anteriores, da ADEGA temos
reclamado por umas linhas de ferro galegas, integradoras do território,
econômicas, ecológicas e SEGURAS.
A tragédia de ontem (24.07.2013), véspera da
celebração do Dia da Pátria Galega enche-me de tristura e de frustração. Se
calhar, ainda de culpa oculta por pensar e transmitir que os transportes por
trem vão ser mais seguros que outro meio qualquer.
Medo e tristura. Insegurança e dor. Pelos
mortos, pelos familiares destes, pela minha Terra, sempre a sofrer a falta de
governança de responsáveis, ou irresponsáveis que olham para ela da longa
distancia do centro duma península seca e centralizada.
Defrontada com a tragédia do dia 24 de julho
de 2013, pensei no Prestige, cujo julgamento foi visto nestes dias, em que mais
uma incompreensão e inoperância condenaram a nossa terra a uma maré preta de
indignidade.
Hoje vai vir cá o "Senhor dos
Hilillos" (Mariano Rajoi). Mádia Leva! Era o menos que podia fazer. Mas,
que vai dizer: que o sistema de controlo de freado a distância não funcionou?
Que foram poupados recursos para evitar expropriações de terras, nas
proximidades de Compostela? Numa zona altamente povoada? Que nas proximidades
da Capital da Galiza o tracejado recupera a via tradicional por causa dessa
poupança? Que o trem ALVIA que é o que nos mandaram para Galiza, não tem o
sistema europeu de controlo integrado conhecido por ERTMS? (El sistema europeo
de gestión del tráfico ferroviario ERTMS European
Rail Traffic Management System tiene como objetivo coordinar todos los
elementos de control sobre los coches, sobre todo los que implican a la gran
velocidad.)
Eu que apenas vejo as imagens, e não sou
técnica, não posso compreender como pode haver uma tal curva à entrada de
Compostela para ser utilizada por um comboio de alta velocidade. Ainda me
pergunto, porque não funcionaram as balizas de travado a controlo remoto (ASFA,
Anuncio de Sinais de Frenado Automático), que esta linha possui?
Não sei muitas cousas, como suponho que
acontece à maioria da população. Ficamos chocadas/os, ontem à noite perante a
magnitude da tragédia. O Povo galego supriu com solidariedade popular a
inoperância dos seus governantes. Como aconteceu com o Prestige.
Mas eu creio que, neste caso, vão ter que
dar-nos uma justificação, para alem de "hilillos de plastilina em
estiramiento vertical" (Rajoi dixit em 2004).
Um erro humano não pode ser a única causa do
acidente. Um comboio de alta velocidade não pode ter a sua segurança
dependendo, unicamente, duma pessoa que o conduza. Não é esperável, nem seria
lógico.
Como ecologista defendo o transporte por
caminho de ferro como mais barato ecológico e SEGURO.
Seguro? Depende...Como dita o senso comum, as
vias devem de ir tracejadas consoante aos elementos de transporte que andem por
elas (já os romanos, que sustentaram o seu império nelas, sabiam-no bem).
As auto-estradas têm as suas normas e as vias
do trem as suas. Falta ainda uma investigação que nos diga com certeza se esta
via reunia as condições necessárias.
A tragédia está aí denunciando.
Triste maneira de celebrarmos o Dia da Pátria!!
Com certeza o 24/25 de julho de 2013 vai ficar tristemente gravado na nossa
memória.
Por enquanto continuo a defender o caminho de
ferro como meio de transporte desde que seja respeitoso com o território e os
seus ocupantes.
Desde que seja gerido com responsabilidade e
pensando nos seus utentes primeiro e não em benefícios eleitorais de
curto-prazo.
Vaiam as minhas condolências para todas as
pessoas que sofreram diretamente a catástrofe, familiares dos mortos e
acidentados/as.
Por alguns momentos imaginei ser eu uma
destas pessoas. Ainda penso nessa possibilidade. E a dor é tão forte que todo o
domina.
Toda a minha simpatia (padeço com elas) para
essa boa gente. Adela Figueroa – Galiza Vogal de transportes de ADEGA in “Portal Galego da
Língua”
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