Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Mirandês



“A preservação das chamadas línguas minoritárias tem vindo a tornar-se uma evidência para cada vez maior número de pessoas. Mas esse é sobretudo um imperativo orientado a preservar uma parte indispensável do património cultural da humanidade. Daí que todo o processo de defesa e promoção da língua deva ser encarado como uma exigência de cidadania da mais alta importância, que não tem apenas uma dimensão nacional, mas internacional.

A diversidade linguística e cultural é uma riqueza para Portugal, integrante da nossa identidade. Aceitando a verdade histórica e sociológica, Portugal deve apresentar-se como país bilingue e integrar essa referência nos programas das nossas escolas, dando a conhecer a todos os cidadãos a existência da língua mirandesa, sua origem e características.

A democracia linguística é um elemento importante da democracia em geral, assente no respeito pela diferença. Não basta uma lei proclamatória, exigindo-se que o Estado concretize os compromissos que assumiu em lei, nos mais diversos domínios.

Além de um problema de dignidade dos seus falantes, as línguas são também um problema ecológico, entendido em sentido amplo, que a todos deve preocupar. Pela língua se exprimem culturas, tradições, saberes e modos de viver que são essenciais ao equilíbrio das sociedades e ao bem-estar dos cidadãos. Também de Portugal. Se o mirandês desaparecer ninguém ganha nada com isso, mas Portugal, os portugueses e, dentre estes, os mirandeses ficam mais pobres.

Para os mirandeses e para todos os concelhos da terra de Miranda, em particular, o mirandês e a cultura mirandesa assumem-se também como um importante valor económico, que importa ter em conta numa região que está em profunda depressão económica e em acelerado processo de desertificação. Pelo facto de falarem outra língua, os mirandeses não são menos portugueses que os outros, como o demonstra a sua história, nem nunca quiseram ser outra coisa senão portugueses. Hoje os mirandeses continuam a ser bilingues e a sua afirmação do mirandês não implica a negação do português. Defender, promover e desenvolver a língua mirandesa é um dever de cidadania que se impõe, nomeadamente a todos os mirandeses.” Amadeu Ferreira - Portugal


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