Ter
a oportunidade de escrever artigos de opinião num jornal nacional só é
privilégio de alguns, sejam eles jornalistas, comentadores, técnicos.
Escreve-se por determinadas razões, sempre com um fim de cumprir um objectivo e
quando o jornal é mais regional que nacional, encontramos artigos de opinião,
que aparentam querer elucidar os leitores, mas no fundo estão apenas a defender
algumas “capelinhas”.
Esta
minha introdução tem por base um artigo de opinião ontem publicado num jornal
de grande tiragem que após uma prosa com um fim determinado, acaba dizendo e eu
passo a citar: “Por fim: esta solução do Governo de fazer o Poceirão-Caia (com
ligação a Sines) é mistificadora. Estamos a criar um eixo de transporte de
mercadorias para supostos grandes barcos, carregados de mercadorias do Oriente,
que vêm descarregar a Sines. Há nisto um grande valor acrescentado para
Portugal? Estamos a apostar tudo na hipótese Sines, sem confirmação garantida,
enquanto já existe, hoje, esta realidade: a indústria portuguesa não está no
Alentejo. Está entre Setúbal e Viana dos Castelo. Porquê mercadorias a
atravessar o Alentejo? Nada disso: o Governo mantém a construção de parte da
linha Lisboa-Madrid. Para já, supostas mercadorias. Depois de construída, um
dia, alguém a usará também para passageiros. O 'TGV'.”
O
interessante é que no mesmo dia em que o articulista escreveu o artigo a
Administração do Porto de Sines vem anunciar: “Em Janeiro de 2013 o Porto de
Sines estabeleceu um novo máximo histórico mensal na movimentação de carga
contentorizada, com um total de 66.359 TEU, representando um crescimento de 38%
face ao mês homólogo de 2012. Comparativamente, a movimentação de contentores
nas cargas cresceu 40% e nas descargas cresceu 35%, o que representa um aumento
mais significativo nas exportações.”
Antes
de continuar este meu texto, deixo ficar uma pergunta: De que vivem os
holandeses, sem ser a produção de flores?
Vasco
da Gama nasceu em Sines e daí percorreu um longo caminho que começou a 08 de
Julho de 1497 através do Atlântico, Índico, até alcançar as portas do Pacífico.
Tudo isto foi possível porque Sines ficava no centro do mundo e não havia na
época o canal do Panamá. Sines vai ser a porta da Europa para a África, América
e a Ásia, com a vantagem deste último mercado passar a ter um trajecto limpo de
pirataria.
É
evidente que o Alentejo não tem indústrias, mas tem uma planície que permite
escoar rapidamente mercadorias de e para a Europa, ganhando dois dias num
produto, por exemplo, com destino a Madrid e muito mais, se conseguir chegar
por exemplo a Lyon ou Berlim. Para tal necessita de uma linha ferroviária de
Velocidade Alta, a única que permite o transporte de mercadorias e de
passageiros e que haja a inteligência “quanto baste” para fazer passar a linha
ferroviária de maneira a poder servir o aeroporto de Beja, para que este eixo
Sines – Beja, seja também um núcleo de transporte de produtos perecíveis entre
a América e a Europa.
O
autor do artigo de opinião, conforme citei em cima pergunta: “Há nisto um
grande valor acrescentado para Portugal?”. E eu respondo-lhe: não faz a ideia
de quanto! É pena que entretanto já tenham passado tantos anos e não se tenham
feito investimentos em áreas que dão retorno financeiro. Baía da Lusofonia
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