Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 30 de setembro de 2012

Bica


Em muitas regiões de Portugal para se pedir um café, usa-se o termo “bica” cujas origens nos levam para os finais dos anos quarenta princípios de cinquenta do séc. XX. Muitas estórias são hoje contadas, principalmente em programas avulsos de televisão sobre a utilização deste termo, “bica”.

Mas há uma história verdadeira e a última vez que ouvi alguém contar correctamente foi na Trafaria, por um homem experiente, que começou a trabalhar ainda jovem em Lisboa, viajou e trabalhou por Angola e Brasil, regressou a Portugal e agora está estabelecido na Trafaria, terra da margem esquerda do Tejo, mesmo junto à foz, que ficou parada no tempo.

A Trafaria que já teve uma das melhores praias de Portugal, com apoios de fazer ainda hoje inveja a muitos locais turísticos, tinha na praia, na década cinquenta do século passado, chuveiros e baloiços para as crianças, além dum extenso areal que já não chegava ao Bugio, onde a amêijoa era rainha e por onde, às vezes, se apanhavam polvos.

Voltando ao homem experiente que se estabeleceu na Trafaria, no restaurante Brilhante na Av. Bulhão Pato, ele explicou logo e bem a origem da palavra bica para se pedir um café.

Antigamente os cafés eram servidos em chávenas de vidro, que era o material que se usava nas cafetarias até que começaram a aparecer as chávenas de porcelana, de má qualidade, pois a porcelana partia-se no bordo e havia quem as não considerasse higiénicas. O formato destes utensílios de porcelana fazia recordar uma bica por onde corria a água e levou os clientes das cafetarias a diferenciarem o material onde queriam beber o café, em dizer “bica” quando era em chávena de porcelana, ou “café” quando era em chávena de vidro.  

Há muito que as chávenas de vidro desapareceram do circuito comercial, mas o termo “bica” ficou até que um dia uma nova história altere tudo de novo. Baía da Lusofonia

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