A província de Cabo Delgado
elegeu duas culturas de rendimento como apostas do Governo, nomeadamente
algodão e castanha de caju, cuja produção deve ser maximizada pelos produtores.
Pretende-se com a iniciativa
criar emprego, aumentar a renda nas famílias e induzir mudança estrutural da
agricultura nesta região do país.
Para o efeito, o Governo
provincial organizou, semana finda, a Conferência Internacional do Algodão e
Castanha de Caju, tendo juntado, na mesma sala, produtores, fomentadores,
especialistas e extensionistas das tais culturas, membros do Executivo, agentes
económicos, entre outros participantes, para discutirem estratégias de
maximização da produção destas culturas.
A governadora de Cabo Delgado,
Celmira da Silva, que orientou os trabalhos, disse que a província dispõe de
5,6 milhões de hectares de terra arável, mas apenas 1,8 milhão desta área é
explorada. Indicou que para investimentos estão já disponíveis 569 mil hectares
de terra própria para agricultura à espera que sejam cultivados.
Actualmente, de acordo com a
governadora, as duas culturas representam 5,4 por cento do PIB da província e,
apesar das condições agro-ecológicas favoráveis para a produção do algodão e
castanha de caju, os níveis de produtividade por hectare e por árvore ainda são
baixos. Por exemplo, a produção do algodão por hectare é de 600 quilogramas.
“Os nossos níveis de produção
actuais estão na ordem das 24 mil toneladas de ambas as culturas e, por isso,
precisamos de encontrar alternativas técnicas e parceiros para modernizar os
sistemas de produção orientados para os mercados interno e externo, além de
desenvolver redes de comercialização eficazes, viabilizar e instalar unidades
industriais de têxteis” – indicou Celmira da Silva.
Num outro desenvolvimento,
Celmira da Silva disse acreditar no investimento de grandes empresas do sector,
na agilidade das pequenas e médias empresas e nas parcerias entre o sector
familiar e o empresarial, que podem melhorar a produção daquelas culturas e
atingir com êxito os objectivos de incremento que se pretendem no sector
agrário para alavancar a economia da província.
Enquanto isso, Peter Masawe,
especialista na produção da castanha de caju e pesquisador do Centro de Caju de
Naliendele, em Mtwara, na República Unida da Tanzania, revelou que Moçambique
já foi o maior produtor da castanha de caju de África, seguido da Tanzania, uma
posição que perdeu na década de 1980. Masawe referiu que, nos últimos anos, o
país tende a melhorar sua produção.
Entretanto, o delegado do
Instituto Nacional do Caju (INCAJU), Adelino Tadeu, fez saber que a província
espera comercializar, este ano, mais de 12 mil toneladas e tratar 1500
cajueiros contra pragas. Afirmou que, em Cabo Delgado, o distrito de Nangade é
líder na produção daquela cultura, seguido de Mueda.
Por seu turno, Mário
Vasconcelos, delegado do Instituto de Algodão de Moçambique (IAM), indicou que
a província espera produzir, na presente safra, 50 mil toneladas contra 18 mil
da campanha finda. A fonte revelou que irregularidades de chuvas, escolha pelos
camponeses de culturas mais remuneradas como gergelim e feijões concorreram
para a fraca produção na última safra. Jonas
Wazir – Moçambique in “Jornal de Notícias”
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