Sun Yat-sen, que viria a ser o
primeiro Presidente da China, chegou a Macau em 1892 para exercer medicina no
Hospital Kiang Wu e um ano depois abriu a farmácia, onde além de assistir
pacientes, principalmente os mais desfavorecidos, “começou a revolução na
cabeça dele”, descreveu o presidente do Instituto Cultural (IC), Ung Vai Meng.
“Quando era jovem estudou em
Hong Kong medicina ocidental, em 1892 foi trabalhar no Hospital Kiang Wu como
voluntário, depois arranjou esta farmácia para continuar a tratar os doentes
pobres, sem pagamento. Na mesma altura, começou a revolução na cabeça dele.
Macau é um sítio onde se encontravam muitas ideias novas, por isso, esta casa é
importantíssima, o Dr. Sun Yat-sen mudou a China inteira! É o início das
actividades de revolução dele”, afirmou.
Com um pequeno espaço
museológico com recibos, documentos, recortes de jornais e fotografias, na nova
farmácia pode-se “ver como a casa era no original e, por outro lado, conhecer a
relação entre Macau e o Dr. Sun Yat-sen”, explicou.
Entre a documentação estão
réplicas de recibos de empréstimos do Hospital Kiang Wu. “Era pobre, era um
jovem que tratava doentes, mas não tinha dinheiro, por isso pedia ao Hospital
‘Por favor, emprestem-me dinheiro para abrir uma farmácia’”, descreveu o
presidente do IC, esclarecendo que, devido ao seu valor, os documentos
originais estão com o hospital privado.
O número 80 da Rua das
Estalagens encontra-se no coração do bazar chinês, numa das mais antigas zonas
comerciais da cidade. O prédio estreito, de dois andares, faz parte de um tipo
de estrutura típica, em que o rés-do-chão é uma loja e habitualmente os andares
de cima são para habitação. Segundo Ung Vai Meng, chamam-se em chinês
‘Casas-bambu’, porque tendo apenas uma entrada à frente e uma pequena porta na
traseira, o espaço pode ser atravessado por um pau de bambu.
“A casa é muito estreita e
direitinha, é tão engraçada, mas há cada vez menos dessas casas em Macau”,
comentou o presidente do IC. O imóvel foi comprado pelo Governo em 2011 por 36
milhões de patacas.
Por ter tido diversos usos e
ter sofrido muitas modificações ao longo dos anos, telhado, paredes e fundações
apresentavam graves danos. No entanto, após o restauro, há “muito material
original, toda a pedra, por exemplo, os tijolos antigos”, explicou Ung Vai
Meng. “As paredes, as janelas, o ambiente, é 100% original”, assegurou.
No entanto, do recheio da
farmácia, que só terá funcionado por um ano, não sobrou nada. Desde que fechou,
o espaço foi utilizado para diversos fins, entre eles, um “salão taoista” e uma
loja de tecidos.
Foram encontrados também
vestígios do que ali estava antes da chegada do ‘pai’ da China moderna: peças
em cerâmica (também na exposição) produzidas para exportação – “se calhar iam
para Portugal” –, e uma estrutura em granito, num nível abaixo das fundações
originais, que terá sido o antigo cais da cidade. Hoje, o edifício encontra-se
a uns bons dez minutos a pé do cais actual.
Em Macau há uma Casa Memorial
Sun Yat-sen, que alberga documentos e que evoca e homenageia a passagem por
Macau do mentor e impulsionador da revolução republicana chinesa que, em 1911,
derrubou o regime da dinastia Qing.
Essa casa visa testemunhar a
sua curta, mas considerada significativa, estadia em Macau no início do século
XX quando, fugindo ao poder dos mandarins imperiais, tentava movimentar as
forças que o apoiavam, a fim de implantar um novo regime na China, onde recebeu
apoio de amigos à época ilustres e influentes figuras da vida social e política
macaense, segundo uma descrição do monumento. In
“Jornal Tribuna de Macau” -
Macau
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