Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 30 de dezembro de 2012

Pescadores

              Uma das artes mais antigas praticada pelo homem é a de pescar, pois era um meio de subsistência. Se pensarmos um pouco, a pesca deve ter começado com uma primitiva lança pontiaguda, que em pequenos riachos eram lançadas para apanhar o peixe necessário para uma refeição. Mais tarde, o homem foi desenvolvendo outras formas de pescar, criando um pau, um fio e um apetrecho para apanhar o peixe que nos nossos dias conhecemos por anzol.

            "Antes de dar comida a um mendigo, dá-lhe uma vara e ensina-lhe a pescar" é um conhecido provérbio muito utilizado perante aqueles que estão sempre à espera que alguém lhes trate da sobrevivência sem que para isso tenham de trabalhar.  Mas estará este provérbio ainda bem aplicado? Pelo que eu presenciei um dia desta semana, há um novo tipo de pescadores.

             Andava eu a circular por Lisboa quando, para minha surpresa, encontrei um pescador, que não estava pescando no poluído Tejo, rio que outrora alimentou muita gente, mas, pasme-se, em plena Praça do Rossio, perante o olhar atento de Pedro, não o discípulo, mas de El-Rei D. Pedro IV de Portugal, Pedro I Imperador do Brasil.

            Este pescador já tinha passado a fase da primitiva lança, mas ainda estava no período do pau, muito distante da actual cana-de-pesca, uma corda daquelas de embrulhar fardos, ainda longe dos fios de pesca de hoje e um apetrecho que não era um anzol, mas um íman, que não servia para pescar peixes onde não os há, mas sim moedas lançadas pelos estrangeiros, que entusiasmados pelo clima de Lisboa, pela beleza da baixa pombalina, resolvem, como se tivessem na Fontana de Trevi em Roma, atirar uma moeda para as fontes do Rossio, para terem a sorte de regressar a esta cidade de Lisboa mais uma vez.

            Este novo tipo de pescador, não usa a arte para se alimentar de peixe, emprega um apetrecho artesanal para apanhar moedas e depois adquirir droga, de uma maneira fácil, consegue o que outros não conseguem ao fim de um dia de trabalho, sempre isento de impostos. A Fonte de Trevi em Roma tem uma autoridade assegurando que os desejos dos turistas, transmitidos através de uma moeda lançada para a fonte, não sejam levados por mão alheia, mas em Lisboa encontramos as autoridades municipais em grupos de três ou quatro elementos, normalmente em amena cavaqueira, pois Lisboa é uma cidade acolhedora, mas entretanto onde se menos espera há alguém a cuidar pela sua vida de maneira ilícita. Baía da Lusofonia

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