Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Desavergonhado


Estava nas minhas horas de lazer e decidi ver um pouco de televisão, que acontece esporadicamente, quando entra em minha casa, pelo televisor, um senhor sorridente a afirmar que a contratação de enfermeiros tinha sido realizado por um transparente concurso público, tendo sido acautelados os interesses do Estado e dos contribuintes (o meu), e como tal, tinha sido aceite a proposta mais vantajosa.
Veio-me à memória os tempos idos de 1985, quando nos falavam da melhoria salarial que seria a entrada no ano seguinte na CEE, para auferirmos vencimentos condignos, idênticos aos praticados nos futuros parceiros comunitários.
No dia seguinte encontrei um amigo meu, comerciante, do ramo do pronto-a-vestir, que tinha visto um programa com comentadores e políticos a falarem sobre umas certas parcerias, ele não percebeu bem, mas ficou com a ideia que havia uma grande trapaça.
Resolvi explicar-lhe que estava a falar de contratos de parceria público-privadas e para melhor compreender iria criar um cenário, em que ele arranjava uma boa loja, o Estado pagava-lhe as obras, ele apetrechava o espaço com a roupa e quando chegasse o fim da estação, o Estado lhe pagaria as roupas que entretanto não tinha vendido.
Respondeu-me que não havia ninguém que fizesse um contrato assim, e eu sorri, com aquele sorriso que tinha visto num desavergonhado, que tinha entrado sem licença, pela minha casa adentro, através do visor da televisão. Baía da Lusofonia

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