Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 8 de junho de 2013

Oceanocentrico

 
Somos um país historicamente ligado ao mar e a nossa capacidade de independência devemo-la ao mar, senão não teríamos saído da península ibérica e teríamos encontrado uma solução dentro do quadro ibérico.
 
Nós conseguimos escapar a esse quadro porque tivemos a visão no passado, que o mar nos dava uma autonomia e uma capacidade de manobra que não nos dá a terra e essa visão perdeu-se um bocado quando entrámos na Europa, ficámos deslumbrados com a Europa e perdemos o sentido atlântico que agora estamos a tentar reencontrar.
 
O sentido atlântico é aquele que nos vai dar outra vez a liberdade de manobra que nós perdemos e portanto neste momento em que há quase uma descontinuidade no paradigma anterior, ou seja nós fomos desenvolvendo-nos de acordo com o modelo que neste momento tem grandes problemas e temos que reinventar o modelo, de certeza que essa reinvenção terá de passar outra vez pelo mar, porque se não passar pelo mar, seremos absorvidos e perdemos a nossa identidade.
 
Portugal é o 11º país em território marítimo e somos o centésimo…qualquer coisa em território terrestre, portanto há uma desproporção extraordinária entre o mar que está sob jurisdição portuguesa e o território seco. O que é que isto significa? Que o mar sob jurisdição é equivalente a praticamente 80% de todo o continente europeu, só para terem uma noção da dimensão, e esse mar tem riquezas potenciais, são potenciais porque ainda não estão a ser exploradas, de elevado valor, de um valor que até eu diria, para a nossa dimensão, de um valor incalculável.
 
O grande desafio que os portugueses têm é de conseguir transformar esse potencial numa riqueza palpável, numa coisa que faça com que os portugueses possam melhorar o seu nível de vida e possam mudar, até um bocado de trajectória que tem sido de declínio nos últimos anos. E isso tem que se fazer como? Boa governação, com empresários que apostem neste potencial que tem diversas facetas, um potencial energético, porque há hidrocarbonetos, há hidretos metálicos, há um conjunto de potenciais produtos que podem ser explorados com valor energético incluindo energia offshore, energia eólica offshore e não só ao explorarmos esses nichos de mercado, ficamos mais seguros em termos energéticos, mais independentes em termos energéticos, como desenvolvemos uma tecnologia que também cria uma indústria exportadora para os outros países.
 
Nós somos um país pequeno, numa população de 6 biliões de pessoas que está globalizada, nós temos que começar a ver da seguinte forma: 6 biliões de pessoas querem vender a 10 milhões e 10 milhões querem vender a 6 biliões, quem é que está na melhor posição? Eu acho que somos nós que somos 10 milhões a quererem vender a 6 biliões. Agora temos que saber vender e ter produtos para vender, e esta é uma nova filosofia, uma nova aproximação e para isso tem que haver inovação e tem que haver empresários que apostem no mar.
 
Para além dos produtos energéticos, há produtos minerais, há produtos biológicos para a indústria farmacêutica de elevado valor no fundo do mar, há os transportes, estamos numa posição geográfica essencial para os transportes marítimos, há o próprio posicionamento geográfico que Portugal está inserido que nos permite jogar no tabuleiro internacional, de uma outra forma se tivéssemos noutro sítio não poderíamos jogar, portanto a nossa importância não é só económica, nós temos outras importâncias para além da importância económica e temos que ver tudo isto de uma forma conjunta, e só vendo desta forma conjunta, é que Portugal encontrará um novo destino e poderá sair desta curva de declínio em que parece que estamos condenados, mas nós não estamos condenados, temos é que lutar para sair desta curva.
 
Enquanto no ambiente terrestre nós pertencemos a um continente, a Europa e estamos na periferia da Europa, afastados dos principais centros de decisão política, afastados dos principais centros económicos e temos que lutar contra  essa periferia, portanto isso tem um custo tremendo para a nossa economia, nós pensarmos no espaço marítimo e no transporte marítimo, nós estamos no centro de um novo espaço que é oceanocentrico, ou seja em que o oceano passa a ser o espaço primordial de transacções económicas e nisso Portugal desenvolveu fruto da sua cultura e da sua história, uma comunidade intra-comunidades, nós somos a única comunidade, ou uma das poucas comunidades, que tem um pé na Europa, tem um pé na América do Sul, tem um pé em África e tem um pé no Extremo Oriente. Nós temos de saber utilizar essa capacidade de sermos uma comunidade entre comunidades e ligar esses interesses, que muitas vezes não estão ligados, e percebermos todos nós em conjunto, que podemos alavancar uns aos outros, isso conseguimos porque temos essa ligação através do mar, aí somos centrais, somos centrais porque estamos numa posição geográfica em que passam as maiores rotas marítimas do tráfego internacional aqui, nós podemos vê-las passar e não aproveitar, ou podemos criar serviços e condições para aproveitar essas rotas marítimas e isso é que precisa outra vez de imaginação, de bons empresários e de boas políticas. Gouveia e Melo – Portugal in “Imagens de Marcas”
 
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Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo nasceu em Quelimane, Moçambique, a 21 Novembro 1960. Ingressou na Escola Naval em 7  Setembro 1979 como Cadete do curso "Carvalho Araújo" e em 19 Setembro de 1983 foi promovido a Aspirante.
O Comandante Gouveia e Melo integrou a Esquadrilha de Submarinos em Setembro de 1985, tendo navegado nos Submarinos Albacora, Barracuda e Delfim , exercendo diversas funções operacionais como Oficial de guarnição até 1992. Especializou-se  em Comunicações e Guerra Electrónica de Setembro de 1989 a Agosto de 1990. 
Foi promovido às funções de Oficial Imediato em 1992, tendo exercido essas funções nos Submarinos Albacora e Barracuda até  1994.Em 1993 frequentou o Curso "International Diesel Electric Submarine Tracking Course" em Norfolk, Estados Unidos.
Após ter sido promovido a capitão-tenente em Outubro de 1993, frequentou o Curso Geral Naval de Guerra, de Março de 1994 a 29 de Julho de 1994.
Fez três comissões de Comando nos Submarinos Delfim e Barracuda no período de Outubro de 1994 a Abril de 1998.
De 06 de Janeiro de1998 a 09 Dezembro de 2002 desempenhou as funções de Chefe do Serviço de Treino e Avaliação da Esquadrilha de Submarinos e Chefe do Estado-Maior do SUBOPAUTH nacional.
Em 2000 fez uma pós-graduação em “Information Warfare” na Universidade Independente.
De Dezembro de 2002 a Dezembro de 2005 exerceu as funções de Chefe do Serviço de Informação e Relações Públicas do Gabinete do Almirante CEMA.
De Setembro de 2005 a Fevereiro de 2006 frequentou o Curso Complementar Naval de Guerra no Instituto de Estudos Superiores Militares.
De Março a Setembro de 2006 exerceu as funções de 2º comandante da Flotilha de navios.
De Setembro de 2006 a Setembro de 2008 exerceu as funções de Comandante do NRP Vasco da Gama.
 De 19 de Setembro de 2008 a 04 de Setembro de 2011 assumiu as funções de comandante da Esquadrilha de Submarinos.
De Setembro de 2011 a Junho de 2012 frequentou com sucesso o curso de promoção a oficial general no IESM.
Desde o dia 22 de Novembro assumiu a Direcção de Faróis.
O capitão-de-mar-e-guerra Gouveia e Melo foi condecorado com as seguintes Medalhas:  Ordem militar de Avis – grau comendador, cinco Medalhas de Serviço Distintos, uma de ouro e quatro de prata, Medalha de Mérito Militar de 2ª e 3ª Classe, Medalha da Cruz Naval de 3ª Classe e Medalha de Comportamento Exemplar – ouro, Medalha NATO comemorativa da operação Sharp Guard. Para ver e ouvir as declarações do Comandante Gouveia e Melo aceda aqui


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