Durante
dois dias, empresários, gestores e entidades oficiais dos nove países da CPLP
vão juntar-se no Centro de Congressos de Lisboa para comparar experiências e discutir
negócios. No primeiro Fórum organizado pela União de Exportadores da CPLP cerca
de 1500 empresários dos países de língua oficial portuguesa vão reunir-se num
mesmo espaço, sexta e sábado, para assistir aos seminários mas também para
fazer negócios. “Com este fórum queremos criar um novo paradigma, acabando com
aquele modelo de assinatura de protocolos, de muita conversa e pouca prática”
explicou Mário Costa. “A mostra empresarial serve para as delegações
apresentarem os seus produtos e serviços. E há reuniões B2B para que os
empresários possam conversar entre si e concretizar negócios. Neste momento,
temos já mais de 120 encontros B2B agendados” contou. A ideia de dar um cunho
empresarial ao encontro, está também nas salas temáticas onde as delegações
apresentam a situação concreta de cada país. “Há várias sessões por dia, na
sexta-feira, sobre cada país, para que os participantes possam circular. É
nessas salas que será apresentada também a missão da UE-CPLP”. No sábado, o
debate sobre os grandes objetivos da União de Exportadores incluirá os
contributos do comendador Jorge Rocha de Matos, de Marcelo Rebelo de Sousa, de
João Vieira Lopes (presidente da CCP), Luís Amado (ex-ministro dos Negócios
Estrangeiros) ou Mari Alkatiri, entre muitos outros. “Esta missão não acaba
quando terminar o fórum. Vamos continuar a percorrer os países e a potenciar
esta rede.”
Qual
o principal papel da União de Exportadores CPLP?
A União de Exportadores foi
constituída após a cimeira de chefes de Estado e de governo do ano passado, em
Dili, quando a CPLP fez um desafio à sua confederação empresarial: deixar de
ser uma estrutura de Estados e passar a ter ligação ao mundo empresarial. Por
não ter essa vocação, a confederação desafiou os associados a criar um
organismo para promover negócios, sobretudo entre PME. Na prática, tem a missão
de relação institucional entre as empresas e os Estados, faz a ligação entre
empresários e políticos.
Que
benefícios pode esta União trazer às empresas desses países?
O que fazemos é preparar as
empresas para a internacionalização, acompanhá-las no processo tendo sempre dos
dois lados um elemento da União de Exportadores que conhece muito bem o terreno
no país de origem e no destino. No fundo, prestamos um serviço que até agora só
existia para as grandes multinacionais, para fazer negócios com qualidade e segurança.
Estamos nos nove países da CPLP e, em cada país por onde passamos nas missões empresariais
temos angariado associados, concretizado parcerias e protocolos de cooperação.
Temos uma rede de suporte às empresas com aconselhamento jurídico, logístico,
fiscal, etc. muito favorável.
Estamos
a falar de que volume de negócios?
Se olharmos para o universo
da CPLP em termos de PIB, população, consumidores, é o terceiro maior bloco
mundial a nível económico. Tem um PIB agregado superior a 2,5 mil milhões de
dólares e mais de um milhão de empresas. Além dos mercados internos, há os das
diferentes regiões económicas associadas aos países da CPLP num total de 86
países, passando de 260 milhões de consumidores para um mercado potencial de
1,8 mil milhões, o que se traduz em milhares de milhões de euros de negócios
potenciais.
Essa
dimensão não é aproveitada
A CPLP tem a dimensão
política e institucional a ligar os países mas não aproveita verdadeiramente a
económica, que é fundamental. Se conseguirmos dar o cunho empresarial a este
bloco, ele pode tomar-se um caso sério de sucesso.
Num
mercado potencial de 1,8 mil milhões de consumidores, que áreas de
desenvolvimento prioritário beneficiariam as empresas destes países e da União
Europeia?
Neste universo temos duas
realidades de desenvolvimento económico: Portugal e Brasil em estádio muito
avançado e depois os países africanos e Timor-Leste numa fase quase virgem do
desenvolvimento económico. Há países com muitos recursos naturais mas onde
falta quase tudo: formação, desenvolver a agricultura, a indústria, o comércio.
Por isso, a relação entre estes países é fundamental. No caso de Portugal,
representa uma porta aberta para a União Europeia. E o Brasil, com dimensão de
um continente, é uma porta aberta para o Mercosul.
E
o potencial da língua poderia ser mais explorado? Deveriam os representantes
dos países da CPLP, por exemplo, impor o português nos seus negócios?
É um facto. Neste momento, a
comunicação em diferentes línguas representa um custo de 17% no total do custo
do produto. Sendo o português falado em todos os continentes, se conseguíssemos
impor que o negócio fosse feito na nossa língua, isso representaria uma poupança
muito significativa, com reflexo na competitividade.
De
que forma é que o Fórum de sexta e sábado complementa a missão da UE-CPLP?
Temos realizado missões
empresariais em todos os países e divulgámos a União de Exportadores e a sua
missão. Neste fim de semana vamos conseguir reunir todos num espaço. Os
participantes vão ter oportunidade de conhecer a situação empresarial concreta
de cada país, o que oferece, que carências tem, como está o seu sistema
financeiro, jurídico, etc. Com essa informação, e com a possibilidade de
contactar de imediato com outros empresários destes países, o empresário pode
decidir se faz sentido deslocalizar-se para ali, encontrar parceiros, etc. Joana Petiz – Portugal in “Diário
de Notícias”
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