“A ideia que eu tinha sobre Ofélia confirma-se: era, sem dúvida, uma jovem de feitio alegre e expansivo, carinhosa, insinuante e até um pouco atrevida nas suas manifestações amorosas. Se atendermos a que estamos em 1920-1929, numa época em que o feminino estava sujeito a uma grande pressão social, Ofélia surge como uma mulher de espírito aberto, trabalhando fora de casa e dispondo-se a sair sozinha (ainda que, às vezes, às escondidas) com um homem mais velho, seu namorado. Embora revele alguns preconceitos, vê-se que eles são mais fruto de uma imposição familiar do que do seu natural. Ofélia não estaria, obviamente, à altura intelectual de Fernando Pessoa, mas era, sem dúvida, uma mulher inteligente, capaz de entrar, por exemplo, no seu jogo heteronímico e de compreender e aceitar o fato de ele ser alguém fora do comum.” Parreira da Silva – Portugal in “Sabático”
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