Em muitas regiões de Portugal para se pedir
um café, usa-se o termo “bica” cujas origens nos levam para os finais dos anos
quarenta princípios de cinquenta do séc. XX. Muitas estórias são hoje contadas,
principalmente em programas avulsos de televisão sobre a utilização deste
termo, “bica”.
Mas há uma história verdadeira e a última vez
que ouvi alguém contar correctamente foi na Trafaria, por um homem experiente,
que começou a trabalhar ainda jovem em Lisboa, viajou e trabalhou por Angola e
Brasil, regressou a Portugal e agora está estabelecido na Trafaria, terra da
margem esquerda do Tejo, mesmo junto à foz, que ficou parada no tempo.
A Trafaria que já teve uma das melhores
praias de Portugal, com apoios de fazer ainda hoje inveja a muitos locais
turísticos, tinha na praia, na década cinquenta do século passado, chuveiros e
baloiços para as crianças, além dum extenso areal que já não chegava ao Bugio,
onde a amêijoa era rainha e por onde, às vezes, se apanhavam polvos.
Voltando ao homem experiente que se
estabeleceu na Trafaria, no restaurante Brilhante na Av. Bulhão Pato, ele explicou
logo e bem a origem da palavra bica para se pedir um café.
Antigamente os cafés eram servidos em
chávenas de vidro, que era o material que se usava nas cafetarias até que
começaram a aparecer as chávenas de porcelana, de má qualidade, pois a
porcelana partia-se no bordo e havia quem as não considerasse higiénicas. O
formato destes utensílios de porcelana fazia recordar uma bica por onde corria
a água e levou os clientes das cafetarias a diferenciarem o material onde
queriam beber o café, em dizer “bica” quando era em chávena de porcelana, ou “café”
quando era em chávena de vidro.
Há muito que as chávenas de vidro
desapareceram do circuito comercial, mas o termo “bica” ficou até que um dia
uma nova história altere tudo de novo. Baía
da Lusofonia
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