A construção de uma biblioteca provincial em Benguela, com padrões arquitectónicos modernos, é uma das principais apostas das autoridades governamentais locais, para os próximos anos, segundo o director provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos
Em declarações ao Jornal de Angola, Pascoal Luís explicou que o Governo local está a trabalhar para fazer surgir uma biblioteca provincial, brevemente. Realçou que o surgimento da instituição vai representar um ganho significativo para o acesso ao conhecimento.
Pascoal Luís realçou que uma biblioteca vai ajudar na preservação da história local e fomentar hábitos de leitura e do livro. Ao falar num encontro com os agentes culturais, frisou que a iniciativa vai fomentar a leitura, proporcionar espaços para a pesquisa, além de promover atividades culturais que integrem a comunidade.
Pascoal Luís garantiu que o projecto terá um acervo que inclui livros físicos e digitais e documentos históricos, como forma de valorizar o património cultural da província. “A criação da biblioteca vai beneficiar estudantes, pesquisadores e o público em geral.”
Projectos do género, acrescentou, permitem dinamizar a vida cultural da região e preservar a memória colectiva das comunidades de Benguela. “Precisamos de ter uma biblioteca provincial, capaz de dar respostas às principais inquietações da juventude”.
Outras prioridades
Pascoal Luís disse que além da biblioteca provincial, a direcção traçou, também, algumas prioridades que passam, sobretudo, pela criação de uma agenda cultural local mais dinâmica. “O que nós gostaríamos de pedir aos fazedores de cultura é a elaboração dos programas e calendários das atividades”.
Com a agenda cultural, destaque que, também, é possível coordenar as atividades, fundamentalmente, no setor da Cultura, Turismo e Desportos. “Com a agenda cultural, vamos disponibilizar as unidades hoteleiras para quem viaja em Benguela, por exemplo, poder ter acesso aos locais, em que existem atividades artísticas e culturais com a realização de espetáculos de danças tradicionais, música acústica e teatro”.
O director indicou que existe, num dos municípios, uma artesã idosa que faz panelas de barro e vende ao longo da estrada, no valor de 200 e 350 kwanzas, respectivamente.
Para o responsável, aquelas panelas de barro têm um valor cultural elevado e rescenderam que quando se partilharam as fotografias, pessoas de outras paragens deslocaram-se ao local para adquirir o objecto e fazer o processo de produção.
Escritora Paula Russa defende registo de criadores na província
A escritora Paula Russa defendeu o registo de todos os fazedores de cultura das diferentes áreas, na província de Benguela.
Paula Russa, que conversou no encontro entre o diretor provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos de Benguela, Pascoal Luís, e os fazedores de cultura, disse que as prioridades são comuns para todos os artistas e devem ser canalizadas e se possíveis realizadas.
Com o registo, afirmou, vai ser possível saber “quantos somos”, o que se vai fazer, de onde surgiram e para onde vão.
Ao enaltecer o encontro, a escritora lembrou as palavras do Presidente António Agostinho Neto, isto é “nós somos e vamos fazer”.
Segundo a escritora, aquelas palavras diziam tudo, tendo exortado o actual responsável da Cultura local que conseguisse atingir os objectivos que os artistas pretendem.
Paula Russa lamentou o fato de alguns criadores, em certas graças, desligarem-se um pouco do setor, “porque a cultura em determinada ocasião deixou de ser cultura e passou, simplesmente, a cultura política”.
A escritora avançou que, como primeiro passo, o que a direcção da Cultura deve fazer é o registo de todos os artistas locais, para se saber quantos somos e para onde vamos fazer, pois só com dados estatísticos possíveis poderá-se equacionar os problemas da classe artística.
Paula Russa disse que é preciso fazer o levantamento das pessoas que fazem o trabalho com barro, cestaria, trabalho com cabedal e outras pessoas com boas iniciativas.
Ao desejar sucessos ao actual director provincial da Cultura, Paula Russa prometeu ao responsável que pode contar com a sua contribuição, salientando que está na província há 60 anos e conhece Benguela como a palma da sua mão.
A par de ser escritora, Paula Russa disse que está ligada à cultura desde 1976, e confessou conhecer “muito” bem o que é a cultura em Benguela, porque fez parte deste processo com várias figuras que dirigiram o sector da Cultura na província. Arão Martins – Angola in “Jornal de Angola”