O autor chinês Su Tong, pseudónimo de Tong Zhonggui, vencedor do prémio literário Man Asian, que recebeu um doutoramento ‘honoris causa’ em Macau, realçou à Lusa o impacto de José Saramago, “figura reverenciada por escritores”, em todo o mundo. “No mundo de língua portuguesa, há uma figura reverenciada e honrada por escritores em todo o mundo: José Saramago. A sua influência estende-se por todo o planeta”, disse Su Tong.
“Eu
também estou entre os seus admiradores”, acrescentou o escritor de 62 anos,
após uma palestra sobre a sua carreira literária, na Universidade da Cidade de
Macau (UCM). A UCM distinguiu com um doutoramento ‘honoris causa’ Su Tong,
autor de sete romances e mais de 200 contos, alguns dos quais traduzidos para
português, como “A Minha Vida Enquanto Imperador” e “Esposas e Concubinas”.
“Esposas e Concubinas” foi adaptado ao cinema pelo realizador Zhang Yimou em
1991 e chegou a estar proibido na China continental.
Durante
a palestra, Su Tong observou que a sua jornada literária começou quando era
jovem, ao ouvir contar histórias. “No início dos anos 70, quando a vida
espiritual das pessoas era árida, o fascínio por contos tornava-se cada vez
mais intenso”, recordou. Para dar continuidade a uma história que não tinha
ouvido até ao final, Su Tong tentou escrever o desenlace da trama, embarcando,
assim, na carreira de escritor.
O
autor considera que foi precisamente a época que viveu que forjou a sua ligação
à criação literária. A década de 1980 fez a China entrar numa era de fervor
literário, o que acendeu ainda mais a sua paixão criativa, explicou.
Su
Tong é um dos romancistas chineses contemporâneos mais conhecidos a residir na
China e venceu em 2009 o Man Asian Literary Prize, versão asiática do Man
Booker Prize, com o livro “O Barco para a Redenção”, um romance passado durante
a Revolução Cultural.
Todos
os escritores são porta-vozes do seu tempo, e a época, “como a Esfinge do
Egipto, revela aspectos diferentes quando vista de diferentes tempos e
ângulos”, referiu na palestra.
À
Lusa, Su Tong afirmou que os escritores desta era partilham um sentimento de
“ausência de peso”, “essa sensação de estar à deriva”. “Consequentemente,
tornam-se mais sintonizados com a relação entre a humanidade e a realidade, e
entre o escritor e o mundo”, explicou. In “Jornal
Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário