A galeria da Fundação Rui Cunha realizou a abertura da exposição “Regresso à Navegação”, do artista Lei Iat Po. A mostra, que inclui cerca de 40 peças de porcelana de grande dimensão de Macau e Guangzhou, apresenta a rica herança da porcelana cantonesa pelo mundo. Ficará em exibição até ao dia 14 de Março e a entrada é gratuita
A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugurou a exposição “Regresso à Navegação”, do ceramista Lei Iat Po, que reúne uma envolvente colecção de obras de porcelana de Macau e Guangzhou. Esta mostra, com curadoria de Margareth Lei Siu Heng, apresenta cerca de 40 peças de porcelana colorida no tradicional estilo da província de Cantão coleccionadas pelo artista ao longo de anos de estudo na prática. Relíquias que funcionam como um testemunho do legado cultural e artístico das dinastias chinesas passadas, bem como símbolos de uma economia chinesa antiga, que já apresentava o seu progresso no panorama global de exportações de produtos, destacando o Delta do Rio das Pérolas como o centro dessa actividade.
A porcelana de Cantão, conhecida também como Guangcai, remonta à Dinastia Qing, período em que a manufactura se consolidou como uma importante indústria para a exportação. Este tipo de porcelana tornou-se extremamente popular nas cortes europeias e entre a aristocracia ocidental, desempenhando um papel crucial na promoção da cultura chinesa no Ocidente durante os séculos XVIII e XIX.
A exposição revela a essência deste tipo de porcelana, famosa pela sua palete de cores fortes e reluzentes vidrados, bem como os seus padrões intricados e aplicações douradas, todas pintadas à mão. O desenvolvimento desta arte cerâmica não se limitou à China continental. No século XX, a produção de porcelana ganhou nova vitalidade em territórios como Hong Kong e Macau, especialmente após a instabilidade na produção no resto do país. A década de 1950 assistiu a um crescimento radical na procura internacional por estas peças exóticas, reflectindo o gosto por produtos orientais na época do pós-Guerra, principalmente na Europa e América. Muitas dessas peças levavam no seu calço um carimbo onde se lia “Fabricado em Macau”.
Lei Iat Po, o artista por trás da exposição na galeria da FRC, é um exemplo vivo desta tradição. Nascido em Macau em 1954, o seu interesse pela arte da porcelana foi moldado desde a infância, influenciado pelo pai, que esteve directamente envolvido na produção e exportação de peças para o mercado europeu e americano. Lei Iat Po trabalhou na Fábrica de Bases de Madeira Guangcai do seu pai e, mais tarde, na Fábrica de Porcelana Colorida Guangcai. Ao longo da sua carreira, o artista teve a oportunidade de aprender com mestres tradicionais, tais como o renomado mestre Zhao Zhuo, aperfeiçoando as suas técnicas de pintura e coloração.
As obras expostas são não apenas exemplos excepcionais de uma habilidade técnica desenvolvida após anos de prática, mas também representam uma fusão rica entre as culturas oriental e ocidental. A dedicação de Lei Iat Po em preservar essa arte e a sua rica história é palpável em cada uma das peças apresentadas, segundo o comunicado da organização.
Os interessados em visitar esta exposição terão a oportunidade de apreciar estas obras até ao dia 14 de Março. A entrada é livre. Elói Carvalho – Macau in “Ponto Final”
Sem comentários:
Enviar um comentário