A 14.ª edição do Rota das Letras – Festival Literário de Macau vai acontecer entre os dias 21 e 30 de Março. O festival regressa este ano à zona da Barra e volta a ter como tema principal a poesia. Os 50 anos do fim da guerra colonial e os 100 anos da publicação de Lin-Tchi-Fá, Flor de Lótus, também vão estar em foco. Lisbon Poetry Orchestra, Xana, Xu Jinjin, Valério Romão e António Costa Silva, entre outros, vão estar presentes
O 14.º Rota das Letras – Festival Literário de Macau vai acontecer entre os dias 21 e 30 de Março, anunciou a organização. Nesta edição, o evento volta à zona da Barra e terá como tema a poesia, como aconteceu em 2019.
A programação do festival conta com duas dezenas de palestras, três exposições, um ciclo de cinema, um concerto, visitas a escolas e oficinas de fotografia e de escrita criativa. A programação detalhada será divulgada em breve pela organização.
A habitual parte musical, que acontece no dia 29 de Março, vai estar a cargo da Lisbon Poetry Orchestra, que faz a sua estreia em Macau. A banda vai apresentar um espectáculo intitulado “Os Surrealistas”, trazendo como convidada especial Xana, a vocalista dos Rádio Macau. Os Poetry & Music, do antigo responsável pela organização do Festival Literário de Pequim, Anthony Tao, farão a primeira parte do concerto, com uma actuação que terá como tema “O Mito da Escrita”.
Uma vez que o ponto focal desta edição é a poesia, o Rota das Letras traz a Macau vários poetas chineses, como por exemplo Xu Jinjin, artista interdisciplinar que divide o seu tempo entre Xangai e Nova Iorque, expondo os seus trabalhos com regularidade em museus de ambas as cidades. Xu Jinjin foi recentemente premiada pela Sociedade Americana de Poesia. A Xu Jinjin juntam-se, entre outros poetas, Valério Romão, de Portugal, Zang Di e Jia Wei, de Pequim, Chan Ka Long e Wang Shanshan, de Macau. As récitas de poesia, apresentações de novos livros, palestras e workshops vão decorrer no edifício do Antigo Matadouro Municipal.
A ocasião vai servir para assinalar o 100.º aniversário da publicação de Lin-Tchi-Fá, Flor de Lótus, um livro de poemas de Maria Anna Acciaioli Tamagnini. No festival, serão lançadas traduções inéditas da obra para chinês e inglês.
O Rota das Letras também vai assinalar os 50 anos do fim da guerra colonial e da independência dos Países Africanos de Língua Portuguesa através de uma exposição do fotojornalista português Alfredo Cunha, que fez a cobertura desses acontecimentos históricos. Além disso, o realizador Luís Filipe Rocha, que adaptou para o cinema o romance “O Teu Rosto Será o Último”, de João Ricardo Pedro e que também aborda o tema da descolonização, regressa a Macau, depois de, no final da década de 1980 ter dirigido no território a programação da TDM e filmado “Amor e Dedinhos de Pé”, uma adaptação do romance de Henrique de Senna Fernandes.
Ainda dentro da temática da descolonização, virá a Macau António Costa Silva, escritor, poeta, ensaísta e antigo ministro português da Economia e do Mar. António Costa Silva vai apresentar no território o romance “Desconseguiram Angola”, sobre um período vivido há já meio século, “quando no meio de uma guerra fratricida se procurava construir a nação angolana”.
Chen Jiming, vice-presidente da Associação de Escritores de Guangdong, também vai estar presente. Ao longo da sua carreira tem coleccionado distinções literárias, incluindo o Prémio Anual da Literatura Chinesa para o Melhor Novelista, o Prémio Literário do Povo e o China Good Book Award, entre outros. “Cidade dos Sete Passos” e “Monólogo em Voz Alta” são dois dos romances mais premiados do autor.
Vão também fazer parte desta edição do Rota das Letras autores de língua inglesa. O escritor britânico Paul French traz ao festival os seus dois últimos trabalhos: “Her Lotus Year”, biografia de Wallis Spencer, “Duquesa de Winsor”, sobre o período que viveu na China durante os anos 20 do século passado; e “Destination Macao”, uma colecção de histórias sobre algumas das mais fascinantes figuras do território dos séculos XIX e XX. Tony Banham, de Hong Kong, apresenta o resultado da sua investigação sobre o afundamento do navio Lisbon Maru. Thomas DuBois, autor sediado em Pequim, dá a conhecer a China em “Sete Banquetes”, um estudo profundo da história da gastronomia chinesa.
Os livros para os mais novos serão levados às escolas por Chen Shige, o primeiro escritor pós-anos 80 a ganhar a mais alta distinção da literatura infantil na China, e por André Letria, ilustrador e editor português que tem já várias das suas obras publicadas em língua chinesa. Sophia Hotung, ilustradora de Hong Kong, vem ao festival partilhar a sua arte com o público de Macau.
Na véspera da abertura do festival, Wang Zhengping, considerado um dos grandes mestres da fotografia chinesa, inaugura na Galeria do Tap Seac, a exposição “O Vento Sopra na Pradaria”, um olhar poético sobre os campos de pastagens da Mongólia Interior e quem os habita. Rao Yongxia, discípula de Wang, seguiu-lhe os passos e mostra o seu trabalho dias mais tarde, na Galeria do Albergue da Santa Casa da Misericórdia.
O evento, organizado pela Sociedade de Artes e Letras e pela Praiagrande Edições, é patrocinado pela MGM Macau, contando também com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura e de outras entidades. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”
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