“As estatísticas assinalam quase sempre
demasiados crimes nas áreas urbanas mais carenciadas. Porém, a violência e,
especialmente, a violência urbana pode também ter origem na desestruturação
familiar. A ausência de afecto é capaz de empurrar uma criança (ou um
adolescente) para a marginalidade. A violência doméstica (e, também, a fora do
lar) pode, igualmente, gerar desestruturação familiar. Estudos sociológicos
feitos em diversos países conduzem a esse resultado.
Há crianças e adolescentes que se tornam
marginais por falta de êxito escolar. Essa falta torna-os frustrados, gera um
ímpeto de vingança sobre professores, sobre os funcionários do estabelecimento
escolar, e mesmo até sobre os colegas. Recordo-me de ter lido relatos de crimes
hediondos, crimes em massa cometidos por ex-alunos de determinada escola. São
crimes congeminados durante algum tempo – até que os seus autores espreitem a
melhor oportunidade para os cometer. Os criminosos deixam registos magnéticos
dos actos de preparação.
O desemprego também gera frustração. Se
demasiado prolongado, o desemprego provoca uma perda progressiva de
auto-estima. Daí pode-se ir por um curto caminho até à prática de actos
marginais. Não haja dúvidas que o desemprego é um dos grandes cancros das
sociedades urbanas.
Se conjugado o desemprego com a propagação de
certos modelos de consumo, estão criadas as condições para a disseminação,
entre os jovens, de métodos ilícitos alternativos que lhes permitem obter
recursos para o desejado consumo. É a
prática da expressão quem não tem cão, caça com gato… .” Pinto de Andrade - Angola
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