Mais de duas mil pessoas assinaram uma petição a pedir o fim do projecto-piloto de manuais digitais nas escolas portuguesas, apontando atrasos na aprendizagem e riscos de acesso a conteúdos indevidos, como pornografia ou violência.
O
Ministério da Educação decidiu levar a cabo um projecto de substituição de
manuais em papel por livros digitais, que começou de forma gradual em
2020/2021. O programa é voluntário e conta com cada vez mais estabelecimentos
de ensino: Este ano são 23159 alunos do 3º ao 12º anos em cerca de 160 escolas
de todo o país, segundo dados avançados pela tutela.
No
entanto, há pais e professores que estão contra o projecto e pedem a sua
suspensão. Há três meses, Catarina Prado e Castro lançou uma petição “Contra a
excessiva digitalização no ensino e a massificação dos manuais escolares
digitais: Petição Pública (peticaopublica.com)”, que conta agora com mais de 2
mil assinaturas.
O
abaixo-assinado defende que os livros em papel são “recursos mais saudáveis e
eficazes para todas as crianças” e por isso pede o “fim imediato do
projecto-piloto” dos manuais digitais, lembrando que as crianças e adolescentes
já passam tempo excessivo em frente a ecrãs, com consequências negativas para a
sua saúde.
“Especialistas
das mais variadas áreas, desde a neurociência, à oftalmologia, psicólogos ou
professores, têm alertado para a exposição e o uso excessivo de ecrãs, mas a
escola decidiu aumentá-lo, sem perguntar aos pais nem aos professores”,
criticou Catarina Prado e Castro, em declarações à Lusa.
“Aprender
através de um ecrã prejudica as aprendizagens, porque diminui a capacidade de
leitura, de atenção e de memorização”. Além disso, acrescentou, os computadores
onde as crianças têm os livros para estudar são os mesmos “onde estão os jogos
e as redes sociais”.
A
mãe de dois rapazes conta que já percebeu que por vezes os filhos estão a
estudar no computador, mas têm também os jogos abertos ou estão a ver vídeos.
Catarina
Prado e Castro disse ainda estar preocupada com a navegação online sem
supervisão, contando que na escola dos filhos já houve alunos apanhados a ver
pornografia ou outros sítios inapropriados nos telemóveis. A mãe alerta que “os
riscos nos computadores são precisamente os mesmos, caso os mesmos não tenham
filtros, o que nem sempre é garantido na entrega dos computadores e nem sequer
é ensinado aos pais”.
Além
disso, com este projecto-piloto, o acesso à Internet “deixa de ser uma opção
dos pais e passa a ser obrigatório em crianças logo a partir dos 7 ou 8 anos”,
salientou a mãe que defende um acesso controlado à Internet.
“Não
quero que os meus filhos passem demasiado tempo a olhar para ecrãs e que em vez
de estudarem estejam num registo multitasking a envolver tarefas
escolares e recreativas simultaneamente. As crianças usam ecrãs para fins
meramente recreativos e não têm capacidade de se auto-regularem no momento em
que devem estudar por um dispositivo que oferece inúmeras possibilidades de
distracção”, disse à Lusa.
A autora do abaixo-assinado revelou que a petição será entregue no início do próximo mês na Assembleia da República. In “Jornal Tribuna de Macau – Macau com “Lusa”
Por que a Suécia desistiu da educação 100% digital e
gastará milhões de euros para voltar aos livros impressos? In “G1” -
Brasil
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