Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 1 de novembro de 2025

Macau - “Civic Pulse” quer fazer “eco” da agenda cultural da Lusofonia

José Basto da Silva lançou recentemente a página “Civic Pulse”, com a intenção de agrupar os anúncios das actividades recreativas e culturais da comunidade de matriz portuguesa num único sítio. Partindo de uma ideia cogitada “há muito tempo”, o propósito da plataforma é auxiliar tanto o público como os organizadores de eventos, segundo disse ao Tribuna de Macau

José Basto da Silva é o autor do recém-lançado sítio “Civic Pulse”, uma plataforma através da qual o macaense tenciona agregar todos os eventos culturais da comunidade lusófona, num lugar só. Para além de contribuir para a divulgação dos mesmos, Basto da Silva quer também ajudar as entidades organizadoras a evitarem sobrepor eventos nas mesmas datas, em prol do público.

Como explica o autor, “o projecto consiste numa página na Internet onde as pessoas podem aceder, num único sítio, a informações sobre eventos locais, mais concretamente, eventos organizados por associações ou grupos de matriz portuguesa, que podem estar disponíveis em variados locais”. “Outra questão tem a ver com o facto de a nossa comunidade, de matriz portuguesa, e não me refiro apenas a falantes de português, ser muito presente e vibrante”, realça Basto da Silva ao Jornal Tribuna de Macau.

“Por exemplo, a Fundação Rui Cunha organiza muitos eventos e costuma fazer a divulgação através do Facebook. A Casa de Portugal também. Mas ainda que usem a mesma plataforma, as informações não estão na mesma página”, lamenta José Basto da Silva. “Uma pessoa tem que ir ver [à página] da Fundação, ou da Casa de Portugal, ou do Instituto Internacional de Macau, ou da ADM”. “Depois ainda há casos em que os eventos são divulgados por e-mail ou estão nas próprias páginas das organizações e, portanto, a informação está dispersa”.

“Um dos comentários que tenho ouvido, de forma recorrente ao longo dos anos, é que há muitas actividades organizadas pelas associações, não apenas portuguesas”, afirma Basto da Silva. “Organizam-se tantas actividades. Às vezes, umas associações nem sabem o que as outras estão a fazer”.

“Podem ser eventos, lançamentos de livros, que acontecem no mesmo dia, à mesma hora, em sítios diferentes. Isso tem acontecido várias vezes. A Fundação [Rui Cunha] está a lançar um e, entretanto, no Clube Militar está a haver outro lançamento. Ou na livraria portuguesa”. “Torna-se difícil para nós, a comunidade, conseguir aproveitar, participar em todos os eventos que possa interessar. Foi daí que surgiu esta ideia”.

José Basto da Silva confessou também que era um projecto que “já tinha em mente há muito tempo”. “Vim de férias, a oportunidade surgiu, as coisas conjugaram-se. E agora, tirando partido das ferramentas de inteligência artificial, é muito mais fácil. Desde que uma pessoa tenha ideias e vontade de fazer, consegue criar muitas coisas interessantes”.

Outro objectivo do projecto foi criar um espaço mais comunitário, segundo Basto da Silva. “A característica principal deste sítio é que não tem uma organização centralizada, ou seja, qualquer pessoa da comunidade, desde que se registe no “Civic Pulse”, pode criar um registo de um evento”, esclarece. “Alguém lançou um evento no Facebook e eu vi o anúncio. Posso ir ao sítio da ‘Civic Pulse’ e fazer a referência a esse evento. Coloco lá o cartaz, o título e uma descrição. Se existir, é só copiar um ‘link’, data, hora e local. Uma coisa que demora menos de um minuto a criar. Os eventos são organizados pelas entidades. A comunidade tem aqui, digamos, uma plataforma onde faz eco dos eventos que vai descobrindo”.

Nas linhas orientadoras da comunidade da plataforma, é solicitado que a mesma não seja usada para efeitos de promoção comercial ou política. “Como moderador da página, tive o cuidado de criar uma política de utilização”. “Não usar este sítio para fazer política ou autopromoções. É para ajudar a divulgar eventos”, sublinha José Basto da Silva. “Fazer política, campanha publicitária de um ou outro produto ou autopromoção, não”, reitera o criador da página. “Como administrador do sítio, posso lá ir e, se tiver havido utilização indevida, apagar o registo”.

Relativamente ao investimento, o autor do projecto assume estar a pagar do “próprio bolso”. “É uma coisa que eu faço em prol da comunidade de matriz portuguesa, em Macau, tendo em conta a minha própria disponibilidade financeira”. “O facto de ser de gestão comunitária também baixa os custos [financeiros] e de tempo”. “O facto de as pessoas se envolverem mais também é uma vantagem”, frisa.

Quanto aos efeitos da plataforma, Basto da Silva espera que o investimento “tenha alguma utilidade”. “Promove a inclusão, a diversidade de interesses. Este sítio não é só para falantes de português”. “Por isso é que eu tive o cuidado de usar inglês. Pretendo que seja inclusivo e diversificado”, assevera.

Sobre a recepção por parte da comunidade, o macaense revela-se “um bocado surpreendido”. “Tenho recebido mensagens de organizações a felicitar, a dizerem que a ideia foi boa e que é útil. Inclusive, já há pessoas a colocarem eventos”. “Parece-me que estão a ter uma boa impressão desta página e que é capaz de resultar”.

Relativamente a novos projectos ou funcionalidades para o sítio, José Basto da Silva afirma ter “mais ideias”, ainda em desenvolvimento. Contudo, assume que falará sobre as mesmas depois de serem concretizadas. “Prefiro falar menos e fazer mais”, remata. Pedro Milheirão – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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