De visita a Macau, uma delegação da Assembleia da República portuguesa efectuou uma série de visitas a associações de matriz lusa e reuniu-se com o Chefe do Executivo. Sam Hou Fai disse esperar que as relações amigáveis entre Macau e Portugal “continuem a avançar sob uma base sólida”. Na APOMAC, José Cesário, líder da comitiva, ouviu algumas preocupações, uma das quais relacionada com o actual contexto de segurança nacional, tendo referido que as relações entre Portugal e a China “devem ser essencialmente pautadas por respeito”
O Chefe do Executivo considera que o
apoio, “cada vez maior”, do Governo no ensino da língua portuguesa, na
transmissão da cultura e à comunidade lusa, “demonstram plenamente os alicerces
consolidados de Macau na coexistência de culturas diversificadas, e a
importância e respeito dados constantemente aos direitos, interesses, costumes
e tradições da comunidade portuguesa em Macau”.
As palavras de Sam Hou Fai foram proferidas no decorrer
de um encontro que manteve com a delegação da Comissão Parlamentar de Negócios
Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, liderada por José Cesário, que esteve
de visita ao território.
No encontro realizado na Sede do Governo, Sam Hou Fai
disse igualmente esperar que “as relações amigáveis entre Macau e Portugal
continuem a avançar sob uma base sólida”. Salientou ainda que a plataforma de
cooperação sino-lusófona se encontra “em bom funcionamento”, com o número de
estudantes que aprendem a língua portuguesa “constantemente a crescer”.
A comitiva portuguesa, que integrou deputados dos três
maiores partidos, visitou várias instituições, entre as quais a Fundação
Oriente, Escola Portuguesa, Santa Casa da Misericórdia, Associação dos
Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) e Associação dos
Trabalhadores da Função Pública (ATFPM).
Jorge Fão, presidente da assembleia-geral da APOMAC,
disse ao Jornal Tribuna de Macau que a reunião serviu para discutir
vários temas, entre os quais sobressaiu a segurança nacional da China e os
reflexos para a comunidade portuguesa aqui residente.
“Essa questão não é só da China, Portugal também tem,
assim como outros países”, começou por dizer, acrescentando que “da nossa parte
temos estado a fazer o nosso papel, cumprindo os requisitos e as exigências da
segurança nacional da China”.
Por essa razão, adianta, “aproveitei para pedir aos
deputados que quando se dialoga com a China, ou quando se tem algum
relacionamento com a China, antes de fazer algo que seja hostil, pensem na
comunidade de Macau, que não é pequena, são cerca de 140.000, falantes ou não da língua
portuguesa”.
O dirigente da APOMAC espera que “Portugal se associe
mais com a China, seja mais assertivo em relação às suas políticas com Pequim,
porque a China hoje é uma potência económica e isso não podemos ignorar”.
Portugal e a sua população “só ganhariam se a política com a China fosse mais
assertiva e consensual”, assinala.
Sobre este relacionamento e a questão da segurança
nacional, José Cesário foi peremptório ao afirmar que “Portugal não esquece
Macau” e que as relações entre Portugal e China devem ser essencialmente
pautadas por respeito.
“Um respeito muito grande pela China, tão grande como
aquele que nós pedimos à China que tenha por Portugal, exactamente igual”,
enfatizou. Em declarações à TDM, o líder da Comissão assinalou ainda a cultura
milenar dos dois países: “Temos todas as razões para nos respeitar
profundamente, sem esquecer uma coisa fundamental, que é termos portugueses em
Macau e na restante China, e que há muitos chineses em Portugal”.
Por sua vez, José Pereira Coutinho, presidente da
direcção da ATFPM, revelou ao JTM que foram trocadas impressões “sobre assuntos
relacionados com a Caixa Geral de Depósitos, a Autoridade Tributária, questões
de residência e aquisição de nacionalidade”.
Durante a conversa “abordamos também as ligações aéreas
entre Macau, Portugal, Europa e os países de língua portuguesa”, assim como
“questões no âmbito do estreitamento de cooperação desportiva, educativa,
social e gastronómica”, manifestou.
Relativamente à deslocação à Santa Casa da Misericórdia,
o Provedor António José de Freitas referiu ao JTM que se tratou apenas de “uma
visita de cortesia”, na qual os membros da delegação ficaram a conhecer os
projectos da instituição.
A Comissão Parlamentar seguiu ontem,
segunda-feira, para Hong Kong. Timor-Leste será a próxima paragem, país onde
permanecerá durante dois dias. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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