Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Macau – Chefe do Executivo espera que relações com Portugal mantenham uma “base sólida”

De visita a Macau, uma delegação da Assembleia da República portuguesa efectuou uma série de visitas a associações de matriz lusa e reuniu-se com o Chefe do Executivo. Sam Hou Fai disse esperar que as relações amigáveis entre Macau e Portugal “continuem a avançar sob uma base sólida”. Na APOMAC, José Cesário, líder da comitiva, ouviu algumas preocupações, uma das quais relacionada com o actual contexto de segurança nacional, tendo referido que as relações entre Portugal e a China “devem ser essencialmente pautadas por respeito”


O Chefe do Executivo considera que o apoio, “cada vez maior”, do Governo no ensino da língua portuguesa, na transmissão da cultura e à comunidade lusa, “demonstram plenamente os alicerces consolidados de Macau na coexistência de culturas diversificadas, e a importância e respeito dados constantemente aos direitos, interesses, costumes e tradições da comunidade portuguesa em Macau”.

As palavras de Sam Hou Fai foram proferidas no decorrer de um encontro que manteve com a delegação da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, liderada por José Cesário, que esteve de visita ao território.

No encontro realizado na Sede do Governo, Sam Hou Fai disse igualmente esperar que “as relações amigáveis entre Macau e Portugal continuem a avançar sob uma base sólida”. Salientou ainda que a plataforma de cooperação sino-lusófona se encontra “em bom funcionamento”, com o número de estudantes que aprendem a língua portuguesa “constantemente a crescer”.

A comitiva portuguesa, que integrou deputados dos três maiores partidos, visitou várias instituições, entre as quais a Fundação Oriente, Escola Portuguesa, Santa Casa da Misericórdia, Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) e Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM).

Jorge Fão, presidente da assembleia-geral da APOMAC, disse ao Jornal Tribuna de Macau que a reunião serviu para discutir vários temas, entre os quais sobressaiu a segurança nacional da China e os reflexos para a comunidade portuguesa aqui residente.

“Essa questão não é só da China, Portugal também tem, assim como outros países”, começou por dizer, acrescentando que “da nossa parte temos estado a fazer o nosso papel, cumprindo os requisitos e as exigências da segurança nacional da China”.

Por essa razão, adianta, “aproveitei para pedir aos deputados que quando se dialoga com a China, ou quando se tem algum relacionamento com a China, antes de fazer algo que seja hostil, pensem na comunidade de Macau, que não é pequena, são cerca de 140.000, falantes ou não da língua portuguesa”.

O dirigente da APOMAC espera que “Portugal se associe mais com a China, seja mais assertivo em relação às suas políticas com Pequim, porque a China hoje é uma potência económica e isso não podemos ignorar”. Portugal e a sua população “só ganhariam se a política com a China fosse mais assertiva e consensual”, assinala.

Sobre este relacionamento e a questão da segurança nacional, José Cesário foi peremptório ao afirmar que “Portugal não esquece Macau” e que as relações entre Portugal e China devem ser essencialmente pautadas por respeito.

“Um respeito muito grande pela China, tão grande como aquele que nós pedimos à China que tenha por Portugal, exactamente igual”, enfatizou. Em declarações à TDM, o líder da Comissão assinalou ainda a cultura milenar dos dois países: “Temos todas as razões para nos respeitar profundamente, sem esquecer uma coisa fundamental, que é termos portugueses em Macau e na restante China, e que há muitos chineses em Portugal”.

Por sua vez, José Pereira Coutinho, presidente da direcção da ATFPM, revelou ao JTM que foram trocadas impressões “sobre assuntos relacionados com a Caixa Geral de Depósitos, a Autoridade Tributária, questões de residência e aquisição de nacionalidade”.

Durante a conversa “abordamos também as ligações aéreas entre Macau, Portugal, Europa e os países de língua portuguesa”, assim como “questões no âmbito do estreitamento de cooperação desportiva, educativa, social e gastronómica”, manifestou.

Relativamente à deslocação à Santa Casa da Misericórdia, o Provedor António José de Freitas referiu ao JTM que se tratou apenas de “uma visita de cortesia”, na qual os membros da delegação ficaram a conhecer os projectos da instituição.

A Comissão Parlamentar seguiu ontem, segunda-feira, para Hong Kong. Timor-Leste será a próxima paragem, país onde permanecerá durante dois dias. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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