segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Macau - Juiz português “sobe” à Segunda Instância

O juiz português Jerónimo Alberto Gonçalves Santos foi nomeado para o Tribunal de Segunda Instância (TSI) da RAEM pelo período de dois anos. De acordo com uma ordem executiva publicada no Boletim Oficial, a nomeação de Jerónimo Santos, actualmente presidente de tribunal colectivo no Tribunal Judicial de Base (TJB), produz efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2026.


A nomeação foi decidida pelo líder do Governo, Sam Hou Fai – que até Agosto de 2024 era o presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) -, sob proposta da Comissão Independente para a Indigitação dos Juízes.

Noutra ordem executiva, o juiz Choi Mou Pan foi nomeado para o cargo de presidente do TSI, por um período de três anos, renovável, igualmente a partir de 1 de Janeiro de 2026. Actualmente, Choi Mou Pan já exerce essas funções, mas como substituto.

Além de José Maria Dias Azedo, juiz do TUI que é do quadro local e membro da Comissão Independente responsável pela indigitação dos candidatos ao cargo de juiz, Jerónimo Santos é o único magistrado português que resta nos tribunais locais, depois de Rui Ribeiro ter antecipado para o final de Outubro o fim da comissão especial, que terminava em Maio de 2026.

Em 18 de Outubro, Rui Ribeiro disse à Lusa, à margem de um evento público, que as autoridades judiciais de Macau “fizeram tudo” para que mudasse de ideias, mas explicou que preferiu regressar já a Portugal face à incerteza sobre uma eventual renovação da licença especial por parte do Conselho Superior de Magistratura (CSM).

No mesmo evento, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), João Cura Mariano, que por inerência preside também ao CSM, disse que Portugal está disponível para enviar novos juízes para Macau, caso a Região demonstre interesse. “Vamos tentar ver o que é que realmente eles ainda conseguem transmitir de útil e se são necessários, porque se forem necessários, virão novos juízes”, garantiu aos jornalistas.

Não obstante, o presidente do STJ sublinhou que a justiça portuguesa está com “alguma dificuldade em contribuir com juízes”, devido à falta de recursos humanos qualificados e com experiência. “Ainda agora retirámos um juiz que já cá estava há muitos anos e nós necessitávamos dele”, sublinhou João Cura Mariano.

Em 2024, o CSM rejeitou a permanência do juiz português do TJB Carlos Carvalho, que estava em Macau há 16 anos e tinha sido convidado pela Comissão Independente para a Indigitação dos Juízes do território a continuar por mais dois. O conselho não autorizou a renovação da licença especial de Carlos Carvalho e promoveu-o a juiz desembargador, com colocação no Tribunal da Relação.

Ainda assim, João Cura Mariano garantiu estar disposto a ajudar, “apesar das dificuldades que actualmente existem em Portugal no recrutamento de juízes”.

O presidente do STJ sublinhou o exemplo de Timor-Leste, onde existem actualmente “muitos juízes portugueses a colaborar no sistema judiciário timorense”, porque “são muito necessários”.

Ho Wai Neng nomeado para o TUI

O líder da RAEM nomeou ainda, definitivamente, ainda mais quatro juízes do quadro local, incluindo Ho Wai Neng, do TSI para o TUI, onde, aliás, já trabalha a título de destacado.

Por sua vez, Lou Ieng Ha, juíza presidente de colectivo dos Tribunais de Primeira Instância, passará a exercer funções no TSI. Io Weng San, presidente dos Tribunais de Primeira Instância, assumirá o cargo de juíza presidente de colectivo dos Tribunais de Primeira Instância, tal como Rong Qi, magistrado da mesma instância. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau


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