Premiação internacional reconheceu trabalho pioneiro do Imazon que usa inteligência artificial para prever e impedir desmatamento na floresta amazónica. A abordagem já ajudou a identificar 15 mil km² de áreas florestais de alto risco, 71% das quais foram posteriormente preservadas
O instituto de pesquisa brasileiro
Imazon, que utiliza tecnologia de ponta para combater o desmatamento na Amazónia,
é um dos cinco vencedores do prémio “Campeões da Terra” de 2025.
A distinção, anunciada nesta terça-feira, foi concedida
pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, na 7.ª sessão da
Assembleia Ambiental da ONU, Unea-7, que acontece em Nairóbi, no Quénia.
Alertas precoces para a proteção da floresta
O Imazon desenvolveu modelos de inteligência artificial
para previsão do desmatamento, causado principalmente pela pecuária e pela
exploração madeireira. O objetivo é criar alertas precoces, orientar políticas
públicas e auxiliar as autoridades na proteção da floresta.
O pesquisador associado do Imazon, Carlos Souza Jr.,
explicou que nem o Brasil nem o mundo serão os mesmos sem a floresta amazónica.
“Se a Amazónia chegar num ponto de não retorno nós vamos
ter vários impactos. Primeiro, a perda de biodiversidade. Segundo, a emissão de
gases de efeito estufa, pois a Amazónia armazena muito carbono nas florestas e
no subsolo.”
O instituto usa um mapa digital onde são lançados pontos
amarelos, laranjas e vermelhos. Cada ponto representa um local onde o Imazon
acredita que ocorrerá desmatamento, e cada cor indica o grau de risco, com base
em dados de satélite e modelagem de inteligência artificial.
Uso da tecnologia ajudou a descobrir 99% dos casos de
desmatamento ilegal
Em 2021, ano de lançamento do mapa, esses pontos ajudaram
a identificar 15 mil km² de áreas florestais de alto risco, 71% das quais foram
posteriormente preservadas.
Os dados também serviram de base para mais de 4,4 mil
processos judiciais ambientais e ajudaram a descobrir 99% dos casos de
desmatamento ilegal.
Carlos destacou a importância da tecnologia na defesa do
meio ambiente.
“É uma mudança de paradigma significativa que a
inteligência artificial, a computação em nuvem e os novos algoritmos permitem
para que a gente tenha informações ainda mais precisas sobre o futuro próximo
da Amazónia e tentar evitar estes cenários de destruição por desmatamento e
degradação florestal.”
União da ciência com conhecimento ancestral
Os pesquisadores acompanharam a dinâmica do desmatamento
na Amazónia de 1985 a 2024, para desenvolver uma ferramenta prática que
permitisse à sociedade brasileira trabalhar em conjunto para evitar a
destruição da Amazónia.
Outro foco da ONG é estimular o crescimento económico
sustentável na região. Isso envolve trabalho de campo com as comunidades locais
para apoiar práticas sustentáveis e áreas florestais protegidas.
A entidade acredita na junção do conhecimento científico
com o conhecimento ancestral local e a sabedoria dos povos indígenas,
ribeirinhos e quilombolas.
A pesquisa do Imazon demonstrou que a extração
sustentável de madeira é possível e que as regulamentações de gestão florestal
poderiam reduzir significativamente o impacto ambiental, mantendo os ganhos
económicos.
Com sede em Belém, no Pará, o Imazon é
uma instituição científica sem fins lucrativos, que atua há 35 anos para
promover a conservação e o desenvolvimento sustentável na Amazónia. ONU News
– Nações Unidas
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