quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Brasil - Instituição que protege a Amazónia está entre os “Campeões da Terra”

Premiação internacional reconheceu trabalho pioneiro do Imazon que usa inteligência artificial para prever e impedir desmatamento na floresta amazónica. A abordagem já ajudou a identificar 15 mil km² de áreas florestais de alto risco, 71% das quais foram posteriormente preservadas


O instituto de pesquisa brasileiro Imazon, que utiliza tecnologia de ponta para combater o desmatamento na Amazónia, é um dos cinco vencedores do prémio “Campeões da Terra” de 2025.

A distinção, anunciada nesta terça-feira, foi concedida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, na 7.ª sessão da Assembleia Ambiental da ONU, Unea-7, que acontece em Nairóbi, no Quénia.

Alertas precoces para a proteção da floresta

O Imazon desenvolveu modelos de inteligência artificial para previsão do desmatamento, causado principalmente pela pecuária e pela exploração madeireira. O objetivo é criar alertas precoces, orientar políticas públicas e auxiliar as autoridades na proteção da floresta.

O pesquisador associado do Imazon, Carlos Souza Jr., explicou que nem o Brasil nem o mundo serão os mesmos sem a floresta amazónica.

“Se a Amazónia chegar num ponto de não retorno nós vamos ter vários impactos. Primeiro, a perda de biodiversidade. Segundo, a emissão de gases de efeito estufa, pois a Amazónia armazena muito carbono nas florestas e no subsolo.”

O instituto usa um mapa digital onde são lançados pontos amarelos, laranjas e vermelhos. Cada ponto representa um local onde o Imazon acredita que ocorrerá desmatamento, e cada cor indica o grau de risco, com base em dados de satélite e modelagem de inteligência artificial.

Uso da tecnologia ajudou a descobrir 99% dos casos de desmatamento ilegal

Em 2021, ano de lançamento do mapa, esses pontos ajudaram a identificar 15 mil km² de áreas florestais de alto risco, 71% das quais foram posteriormente preservadas.

Os dados também serviram de base para mais de 4,4 mil processos judiciais ambientais e ajudaram a descobrir 99% dos casos de desmatamento ilegal.

Carlos destacou a importância da tecnologia na defesa do meio ambiente.

“É uma mudança de paradigma significativa que a inteligência artificial, a computação em nuvem e os novos algoritmos permitem para que a gente tenha informações ainda mais precisas sobre o futuro próximo da Amazónia e tentar evitar estes cenários de destruição por desmatamento e degradação florestal.”

União da ciência com conhecimento ancestral

Os pesquisadores acompanharam a dinâmica do desmatamento na Amazónia de 1985 a 2024, para desenvolver uma ferramenta prática que permitisse à sociedade brasileira trabalhar em conjunto para evitar a destruição da Amazónia.

Outro foco da ONG é estimular o crescimento económico sustentável na região. Isso envolve trabalho de campo com as comunidades locais para apoiar práticas sustentáveis ​​e áreas florestais protegidas.

A entidade acredita na junção do conhecimento científico com o conhecimento ancestral local e a sabedoria dos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas.

A pesquisa do Imazon demonstrou que a extração sustentável de madeira é possível e que as regulamentações de gestão florestal poderiam reduzir significativamente o impacto ambiental, mantendo os ganhos económicos. 

Com sede em Belém, no Pará, o Imazon é uma instituição científica sem fins lucrativos, que atua há 35 anos para promover a conservação e o desenvolvimento sustentável na Amazónia. ONU News – Nações Unidas



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