sábado, 13 de dezembro de 2025

Guiné Equatorial - A UNESCO reconhece o "Nvet Oyeng" e o regista como Património Mundial

A decisão representa uma vitória histórica para o povo Ekang e para os países onde esta tradição ainda está viva, como a Guiné Equatorial, Camarões, Gabão e Congo


Assim como fez anteriormente com o Ntonobé (uma dança cultural bantu específica do povo Fang, usada para o culto divino durante homilias), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) inscreveu oficialmente o Nvet Oyeng na Lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade que Necessita de Salvaguarda Urgente. Esta decisão representa uma vitória histórica para o povo Ekang e para os países onde esta tradição permanece viva, como Camarões, Gabão, Congo e Guiné Equatorial.

O reconhecimento internacional oferece um apoio crucial aos esforços de conservação desta prática ancestral, considerada um dos pilares de identidade mais emblemáticos da comunidade Ekang.

Nvet Oyeng é uma manifestação artística de natureza musical e narrativa que combina canções épicas, histórias mitológicas, danças e a execução de um instrumento de cordas tradicional.

A UNESCO explica que esta arte engloba as histórias, o contador de histórias, o instrumento e o músico, constituindo um sistema cultural completo.

Durante as apresentações, o público participa ativamente com palmas, cantos e tambores, criando uma interação constante entre o artista e a comunidade. Existem duas variações principais: a forma sagrada, reservada para eventos importantes e transmitida por meio de um rigoroso processo de iniciação; e a forma popular, mais acessível, apresentada em celebrações públicas e desempenhos contemporâneos. Ambas as expressões compartilham uma função essencial: garantir a continuidade da memória coletiva do povo Ekang.

A organização internacional também destacou a importância de outros sítios culturais na região, como Guruna, um retiro tradicional e centro de aprendizagem comunitária utilizado pela comunidade Massa, localizado em ambas as margens do rio Logone, entre o Chade e os Camarões. Este reconhecimento reforça o valor do património vivo de África e a necessidade de preservar as suas expressões mais vulneráveis.

Na Guiné Equatorial, a inscrição da arte Nvet Oyeng reviveu a memória de grandes mestres que dedicaram as suas vidas a esta tradição. Entre eles, destaca-se o célebre trovador Eyi Muan Ndong, considerado um ícone cultural e um dos mais profundos conhecedores de Nvet na região. O seu legado, ainda vivo na memória coletiva, é hoje um símbolo de orgulho para o país e um ponto de referência essencial na história artística da África Central.

A decisão da UNESCO agora apela aos Estados envolvidos para que reforcem os seus mecanismos de proteção cultural, a fim de garantir que Nvet Oyeng continue sendo transmitido às novas gerações e mantenha o seu lugar como património vivo da humanidade. Benjamin Eyang – Guiné Equatorial in “Real Equatorial Guinea”


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