Mais de duzentos cidadãos, entre nacionais e estrangeiros, celebraram com alegria o concerto “Ntemo”, realizado na sexta-feira, 05 do mês em curso, no Palácio de Ferro, em Luanda
Com aplausos, assobios, fotos e
gravações, os convidados manifestaram a sua satisfação pelo grande concerto,
considerado por muitos como um presente especial antecipado de fim de ano.
Agraciada com uma voz rica e potente, Tina Bunga afirmou que é sempre uma
grande responsabilidade apresentar o cancioneiro angolano ao público, tanto
nacional como estrangeiro.
“Sempre fui apaixonada pelo cancioneiro angolano, talvez
por influência da Academia. Vejo muita riqueza e alma no nosso cancioneiro, e
não poderia deixar de lado a origem, aquilo que tornou a música o que é hoje”,
destacou.
Explicou ainda que Ntemo é uma palavra em kikongo que
significa luz, podendo também representar aproximação com os ancestrais,
raízes, clareza e determinação.
“Quem tem ntemo, quanto mais luz tiver, mais próximo está
dos seus ancestrais”, disse, admitindo gostar bastante do termo. A artista
salientou que esta segunda edição foi mais emocionante, mais livre e mais
interactiva com a plateia.
“O Ntemo já veio com luz e clareza”, afirmou, lembrando
que na primeira edição estava bastante tímida e com medo do público.
Questionada sobre o impacto da globalização e sobre como se sente ao apostar no
cancioneiro nacional e nas línguas locais, disse não se sentir desvalorizada
por trazer sonoridades tradicionais, nem ter pressa de ser famosa, pois sabe
muito bem a meta que pretende alcançar. No seu ponto de vista, “quando a arte é
forçada, deixa de ser arte”. Acrescentou: “Eu amo o cancioneiro angolano, amo
ser intérprete.
Embora tenha músicas próprias que serão apresentadas em
breve, seguirei sempre esta linhagem do cancioneiro, porque para se fazer o
novo deve-se primeiro passar pelo antigo, o que é muito importante”. Tina Bunga
ressaltou ainda que as músicas do cancioneiro angolano já foram, muitas vezes,
consideradas por alguns, sobretudo jovens, como músicas “para mais velhos”, um
legado ultrapassado.
Aconselhou os jovens artistas a pesquisarem mais sobre o
cancioneiro nacional, pois “existem músicas muito bonitas”, e a não terem
receio: “Alguns podem não gostar, mas haverá sempre palco e público para ouvir
estas melodias intemporais que são cantadas de geração em geração”.
Para as mulheres, deixou um encorajamento: “Não precisam
ter medo de entrar para este mundo; devem ser firmes e persistentes”. Projectos
em carteira: em breve será lançada uma música com a participação especial do
cantor Jeff Brown.
Por sua vez, a cantora venezuelana Mariana Marinez
revelou que vive na capital angolana há dois anos e já participou em vários
espectáculos de jazz realizados localmente. “Fiquei muito feliz pelo convite da
Tina para cantar algumas músicas tradicionais do meu país e de Angola. Espero
que se repita mais vezes. Ela tem uma voz rica; já partilhamos palco em outras
actividades e conheço a família dela. É muito bom”, disse, com um sorriso de
alegria.
Convidados enaltecem iniciativa
O professor de canto da artista, Emanuel Mendes, afirmou
sentir-se feliz e honrado, transbordando de alegria por fazer parte da
actividade. Para si, tem sido um momento de exibição das valências e do
potencial artístico da cantora. Por sua vez, o jovem Leon Patiquissa assegurou
que tem acompanhado a carreira de Tina Bunga e que, sempre que sobe ao palco,
proporciona uma apresentação maravilhosa e de alto nível. Já a jovem Carla de
Carvalho, angolana residente em França, disse que foi “um show memorável, digno
de toda a vénia”. Maria Custódia – Angola in “O País”
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