Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Portugal - Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e INESC TEC criam tecnologia que deteta precocemente o cancro da mama

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do INESC TEC está a desenvolver uma tecnologia para a deteção de biomarcadores de cancro da mama de forma mais rápida e precisa. 


“O objetivo é criar um sensor de pequenas dimensões e portátil que junta, em simultâneo, duas técnicas das áreas ótica e eletroquímica para conseguir uma maior precisão do diagnóstico”, descreve José Ribeiro, investigador responsável pelo projeto eSPRcancer, liderado pela FCUP. 

O projeto vai focar-se, sobretudo, nos biomarcadores de CA (Cancer Antigen) 15-3 – uma proteína que se encontra em níveis mais elevados no sangue de pessoas com cancro da mama. 

Atualmente, os testes já existentes conseguem detetar estes biomarcadores, porém, são muito caros e nem sempre oferecem a sensibilidade necessária para diagnósticos muito precoces.

“A tecnologia a ser desenvolvida permitirá, a partir de uma pequena amostra do paciente, dar, em pouco tempo, informação clínica no ponto de cuidado, oferecendo maiores possibilidades de intervenção e combate à doença”, salienta o investigador. 

É na FCUP que estão a ser estudados novos materiais que imitam as funções biológicas dos anticorpos, funcionando como uma espécie de “chave” para permitir ao sensor detetar estes biomarcadores. Trata-se de recetores sintéticos feitos à medida para reconhecer os marcadores associadas ao cancro, neste caso concreto o biomarcador CA 15-3.

“Ao contrário dos testes de marcadores tumorais atuais, o nosso sensor incluirá a possibilidade de deteção de mais do que um biomarcador em simultâneo, permitindo um controlo e avaliação mais precisos da evolução da doença e reduzindo falsos positivos e negativos”, destaca José Ribeiro.  Por exemplo, poderá ser utilizado para detetar simultaneamente o CEA (do inglês Carcinoembryonic Antigen), outro tipo de proteína que aparece em níveis mais altos no sangue de pessoas com outros tipos de cancro, nomeadamente cólon e reto, pâncreas, pulmão e também em caso de metastização ou reincidência do cancro da mama.

De acordo com os investigadores, este equipamento, por ser portátil e fácil de utilizar, poderia ser utilizado em clínicas, centros de saúde ou mesmo em ambientes rurais, promovendo a deteção precoce do cancro da mama.

Tecnologia made in INESC TEC

A parte tecnológica está a ser desenvolvida no INESC TEC: “Vamos criar o protótipo do sistema eSPR, ou seja, a parte física do sensor, vamos desenvolver o software que vai controlar as medições e o funcionamento do dispositivo, fazer a impressão 3D e a integração eletrónica da plataforma, criando as condições para uma futura produção em escala, ou até, para a criação de uma spin off”, explica o investigador João Pedro Mendes, do INESC TEC. 

“Queremos com este projeto ter um impacto em várias áreas da sociedade. Desde logo na saúde ao permitir uma deteção mais precoce e fiável do cancro da mama – e possivelmente extensível para outras doenças”, destacam os investigadores. 

O eSPRcancer, financiando pelo programa P2030 em co promoção entre INESC TEC e FCUP, vai, assim, permitir diagnósticos mais rápidos, acessíveis e de baixo custo, melhorando a qualidade de vida e a eficiência do sistema de saúde.

Da equipa do projeto fazem ainda parte os docentes da FCUP e investigadores Manuel Azenha e Luís Coelho, José Almeida, e ainda os estudantes de doutoramento Ana Teresa Silva e Marcus Monteiro. Universidade do Porto - Portugal    


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