Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do INESC TEC está a desenvolver uma tecnologia para a deteção de biomarcadores de cancro da mama de forma mais rápida e precisa.
“O
objetivo é criar um sensor de pequenas dimensões e portátil que junta, em
simultâneo, duas técnicas das áreas ótica e eletroquímica para conseguir uma
maior precisão do diagnóstico”, descreve José Ribeiro, investigador responsável
pelo projeto eSPRcancer, liderado pela FCUP.
O
projeto vai focar-se, sobretudo, nos biomarcadores de CA (Cancer Antigen) 15-3
– uma proteína que se encontra em níveis mais elevados no sangue de pessoas com
cancro da mama.
Atualmente,
os testes já existentes conseguem detetar estes biomarcadores, porém, são muito
caros e nem sempre oferecem a sensibilidade necessária para diagnósticos muito
precoces.
“A
tecnologia a ser desenvolvida permitirá, a partir de uma pequena amostra do
paciente, dar, em pouco tempo, informação clínica no ponto de cuidado,
oferecendo maiores possibilidades de intervenção e combate à doença”, salienta
o investigador.
É
na FCUP que estão a ser estudados novos materiais que imitam as funções
biológicas dos anticorpos, funcionando como uma espécie de “chave” para
permitir ao sensor detetar estes biomarcadores. Trata-se de recetores
sintéticos feitos à medida para reconhecer os marcadores associadas ao cancro,
neste caso concreto o biomarcador CA 15-3.
“Ao
contrário dos testes de marcadores tumorais atuais, o nosso sensor incluirá a
possibilidade de deteção de mais do que um biomarcador em simultâneo,
permitindo um controlo e avaliação mais precisos da evolução da doença e
reduzindo falsos positivos e negativos”, destaca José Ribeiro. Por exemplo, poderá ser utilizado para
detetar simultaneamente o CEA (do inglês Carcinoembryonic Antigen), outro tipo
de proteína que aparece em níveis mais altos no sangue de pessoas com outros
tipos de cancro, nomeadamente cólon e reto, pâncreas, pulmão e também em caso
de metastização ou reincidência do cancro da mama.
De
acordo com os investigadores, este equipamento, por ser portátil e fácil de
utilizar, poderia ser utilizado em clínicas, centros de saúde ou mesmo em
ambientes rurais, promovendo a deteção precoce do cancro da mama.
Tecnologia made in INESC TEC
A
parte tecnológica está a ser desenvolvida no INESC TEC: “Vamos criar o
protótipo do sistema eSPR, ou seja, a parte física do sensor, vamos desenvolver
o software que vai controlar as medições e o funcionamento do dispositivo,
fazer a impressão 3D e a integração eletrónica da plataforma, criando as
condições para uma futura produção em escala, ou até, para a criação de uma spin
off”, explica o investigador João Pedro Mendes, do INESC TEC.
“Queremos
com este projeto ter um impacto em várias áreas da sociedade. Desde logo na
saúde ao permitir uma deteção mais precoce e fiável do cancro da mama – e
possivelmente extensível para outras doenças”, destacam os investigadores.
O
eSPRcancer, financiando pelo programa P2030 em co promoção entre INESC TEC e
FCUP, vai, assim, permitir diagnósticos mais rápidos, acessíveis e de baixo
custo, melhorando a qualidade de vida e a eficiência do sistema de saúde.
Da
equipa do projeto fazem ainda parte os docentes da FCUP e investigadores Manuel
Azenha e Luís Coelho, José Almeida, e ainda os estudantes de doutoramento Ana
Teresa Silva e Marcus Monteiro. Universidade do Porto - Portugal
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