A primeira tradução integral de chinês para português da obra completa do filósofo Xun Kuang, mais conhecido por Xun Zi, vai ser lançada no dia 10 deste mês de Setembro, pela editora Livros do Meio, numa co-edição com a Fundação Macau. “Escritos de Mestre Xun” integra 32 capítulos do filósofo confuciano.
A
tradução da publicação é “uma pedra angular do pensamento filosófico chinês
finalmente acessível ao leitor lusófono em edição definitiva e preenche uma
lacuna crucial nos estudos filosóficos e sinológicos em língua portuguesa”,
refere o texto de divulgação.
O
trabalho conta com extensas notas explicativas, comentários críticos e uma
introdução abrangente que situa Xun Zi no contexto do período dos Reinos
Combatentes e traça a sua influência ao longo da história.
Diferente
do seu contemporâneo Mencius, “que acreditava na bondade inata do ser humano”,
Xun Zi defendia que a “natureza humana é originalmente má (xing er)”, e que a
bondade é adquirida através do “esforço consciente, da educação ritualizada
(li) e da orientação dos sábios e de um governo justo”, acrescenta a nota.
A
obra aborda aspectos como ética, política, educação, linguagem e cosmologia,
“oferecendo perspectivas surpreendentemente modernas sobre a natureza da
sociedade”.
Xun
Zi é caracterizado como um “gigante intelectual”, cujo pensamento é fundamental
para entender não apenas o Confucionismo, mas toda a história intelectual
chinesa. Publicar as suas obras completas em português é um “marco editorial e
um presente para estudantes, académicos e todos os leitores que buscam
compreender as bases da civilização chinesa”, salienta o comunicado do
lançamento do livro.
A
editora Livros do Meio refere que, depois de ter publicado recentemente o
último dos Quatro Livros, torna este clássico acessível aos leitores de língua
portuguesa. “Traduzir Xun Zi foi uma jornada de vários anos”, sublinha,
acrescentando que “o racionalismo do filósofo chinês, a sua defesa da cultura
como antídoto para o caos e a sua análise da linguagem ressoam de forma
poderosa nos dias de hoje”.
A
nossa maior preocupação, conclui o documento introdutório do evento, “foi
também capturar a precisão e a força argumentativa do seu texto, permitindo que
o leitor de língua portuguesa enfrente, pela primeira vez em toda a sua
extensão, um dos pensadores mais lúcidos e desafiadores da humanidade”. Vítor
Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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